22.2.07

Metade das vítimas de violência não se queixa

in Jornal de Notícias

A violência é fundamentalmente doméstica. Os autores são maioritariamente portugueses do sexo masculino. Em 2006, houve 22 homicídios (consumados ou na forma tentada) e cinco em cada 10 vítimas não apresentou queixa junto das autoridades. O balanço será apresentado hoje pela Associação de Apoio à Vítima (APAV).

A APAV, que realiza em Lisboa um seminário para assinalar o Dia Europeu da Vítima de Crime, registou, em 2006, um total de 22 casos de homicídio ou tentativa de homicídio contra mulheres e num contexto familiar. Segundo os dados, 59% das vítimas eram mulheres e 77% dos autores do crime eram homens. Cerca de 30% das vítimas de homicídio ou tentativa de homicídio residiam no concelho de Cascais, mas também Sintra, Porto e Vila Nova de Gaia registaram valores na ordem dos 9%. A idade das vítimas situava-se sobretudo entre os 26 e os 35 anos, entre os 45 e os 55 anos e entre os 54 e os 64 anos. Ao todo, a associação recebeu um total de 7935 processos e acompanhou 6772 correspondentes à sua missão. De acordo com os processos acompanhados, apenas 2449 foram alvo de queixa/denúncia junto das entidades competentes.

A associação registou, em 2006, uma média de 661 processos de apoio por mês, a maioria dos quais nas grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Segundo as estatísticas, Setembro e Novembro destacam-se dos restantes meses por registarem valores na ordem dos 800 processos de apoio. Quase 30% dos processos deram entrada em Lisboa, 20,5% no Porto e 12,9% no concelho de Cascais. Do total de 16.768 crimes, mais de 85% ocorreram no âmbito de situações de violência doméstica, distribuindo-se os restantes entre as categorias de crimes contra as pessoas e a humanidade (10,9%), crimes contra o património (2,3%), crimes contra a vida em sociedade e Estado (0,2%) e crimes rodoviários (0,1%). De acordo com os dados, 86% dos crimes enquadram-se na categoria de violência doméstica e destes 55% foram de maus-tratos psíquicos e físicos. Em 88% dos casos a vítima era do sexo feminino enquanto quase 90% dos autores do crime do sexo masculino.