30.3.07

Associações contestam política para o campo

Eduarda Ferreira, in Jornal de Notícias

Seis organizações de defesa do ambiente e duas confederações de agricultores acusam o Governo de ter elaborado um Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) que contribuirá para o abandono dos campos, degradação da paisagem, perda de garantia alimentar e de rendimentos dos agricultores.

As medidas previstas e o enquadramento dos apoios europeus feitos pelo PDR só irão ajudar ao abandono das terras, ao empobrecimento dos agricultores e à degradação da paisagem e valores naturais. A acusação é dirigida ao Ministério da Agricultura pela Confederação Nacional de Agricultura e Confederação dos Agricultores de Portugal, bem como pelas organizações ambientalistas GEOTA, Liga para a Protecção da Natureza, Quercus, Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente e Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. Em conjunto, vão solicitar a reformulação do PDR, para que "as populações rurais possam cumprir a missão pública de gerir o território, proteger o solo, a água e a biodiversidade". Entendem estas organizações que tal não fica garantido pelos apoios financeiros ali enquadrados e que, vindo da Europa, deveriam respeitar o espaço rural como riqueza a preservar. "Não se pode marginalizar aquela agricultura que não é competitiva", defendeu Luís Bulhões Martins, da CAP, para afirmar que o segundo pilar da política agrícola europeia serve precisamente para apoiar zonas mais marginalizadas do interior e uma agricultura familiar. "Ora, este PDR assenta na competitividade", critica, para acrescentar que os instrumentos dificilmente poderão ser usados pelos nossos agricultores.

Eugénio Sequeira, da LPN, lembrou as consequências da falta de apoios ao meio rural perda de da diversificada paisagem portuguesa, despovoamento, caminho aberto aos fogos, degradação de solos e da água.