29.3.07

A "má" saúde dos imigrantes em Portugal

in Jornal Público

Maria do Céu Machado identificou problemas de equidade dos cuidados de saúde junto dos imigrantes a "As famílias dos recém-nascidos dos concelhos de Amadora e Sintra são, genericamente, mais privadas sociomaterialmente do que a população da Área Metropolitana de Lisboa e as dos imigrantes estão ainda em situação de maior desvantagem.

A vulnerabilidade dos imigrantes revela-se nos maus resultados em saúde: maior mortalidade fetal e neonatal e mais patologia durante a gravidez, nomeadamente de doenças infecciosas." Esta é uma das principais conclusões do estudo coordenado por Maria do Céu Machado que analisou a saúde materno-infantil junto da população residente nos concelhos de Amadora e Sintra (Hospital Fernando Fonseca e nove centros de saúde) e venceu o Prémio Bial de Medicina Clínica 2006, no valor de 50 mil euros. A equipa estudou 1979 nados-vivos e 10 nados-mortos nascidos entre Dezembro de 2005 e 31 de Maio de 2006 e registou maior mortalidade perinatal nos filhos dos imigrantes (13 em cada mil na população imigrante "contra" 1 em cada mil nos portugueses), sendo os factores de risco nos imigrantes versus portugueses: gravidez não vigiada, patologia materna e risco social.

Em declarações ao PÚBLICO, Maria do Céu Machado sublinhou que os problemas detectados não estão relacionados com a acessibilidade aos cuidados, mas antes com uma questão de equidade. "Precisamos de ir ter com esta população para levar a informação e os cuidados de saúde até eles", defende. A edição de 2006 do Prémio Bial distinguiu ainda quatro obras com menções honrosas, no valor de cinco mil euros cada, entre as quais um trabalho sobre autismo em Portugal, da autoria de Guiomar Oliveira e Astride Vicente, e uma investigação de Maria Isabel Pereira dos Santos, que "analisou a comorbilidade (existência em simultâneo) de quatro doenças crónicas de grande prevalência na população portuguesa: a hipertensão arterial, a diabetes, a doença cardíaca isquémica e a asma".

O júri premiou ainda um trabalho na área do cancro, do norte-americano David Lyden, e um projecto sobre insuficiência cardíaca, de uma equipa do Hospital Geral Universitário Gregório Marañón de Madrid.