27.3.07

Membros do G8 reunidos com países emergentes para criar modelo de desenvolvimento

Tiago Silva, com Lusa, in Diário Económico

Os ministros da Cooperação Económica dos países mais industrializados do mundo e da Rússia (G8) encontram-se desde hoje reunidos em Berlim (Alemanha) para analisar a criação de um modelo de desenvolvimento com os países emergentes e em desenvolvimento.

Além dos sete países mais industrializados do mundo e a Rússia participam na reunião 'Combater a miséria, fomentar a sustentabilidade e fortalecer as cooperações globais' representantes dos países considerados emergentes - Brasil, China, Índia, México, África do Sul - e de várias organizações regionais africanas.

Entre os principais temas do encontro, que dura até terça-feira, encontram-se as reformas dos acordos de cooperação com a África e um balanço intermédio das Metas do Milénio da ONU.

Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) foram assumidos por mais de 180 líderes na Cimeira do Milénio, realizada no ano de 2000.

A partir deste compromisso, os governos dos países subscritores e dos organismos multilaterais de financiamento reconhecem a necessidade de trabalhar juntos para favorecer os princípios de inclusão e igualdade de oportunidades na luta contra a pobreza e pelo desenvolvimento socio-económico e humano.

As Metas do Milénio definem oito objectivos de desenvolvimento a alcançar até 2015: reduzir para metade a pobreza extrema e a fome no mundo, controlar a propagação do HIV/SIDA e do paludismo, garantir a sustentabilidade do meio ambiente e estimular uma aliança mundial para o desenvolvimento.

Na inauguração do encontro, a anfitriã e responsável da cooperação alemã, Heidimarie Wieczorek-Zeul, afirmou que a cooperação triangular, em que países do G8, juntamente com um país emergente, desenvolvem medidas de cooperação económica num terceiro Estado, "permitirá que esta seja mais efectiva e participativa".

"Os países emergentes têm muito interesse nesta cooperação triangular", afirmou a ministra, que deu como exemplos "os projectos de recolha de lixo no México e na Guatemala".

O encontro dos ministros da Cooperação Económica do G8 faz parte dos preparativos da cimeira, que se realiza entre 6 e 8 de Junho na cidade alemã de Heiligedamm (Norte da Alemanha), na qual a política de cooperação, especialmente com África, ocupará um lugar de destaque.

Segundo o plano de acção do G8, deverão ser ajudados "principalmente os países africanos que sigam as regras democráticas, que levem a cabo reformas sociais e políticas e que abram seus mercados a investidores estrangeiros".

Reinhard Hermle, ex-presidente da Associação Alemã de Organizações Não Governamentais (Venro), disse que "já houve várias promessas nesse sentido [encontro do G8 na Escócia, em 2005], onde os participantes decidiram investir 50 biliões de dólares em ajuda ao desenvolvimento, mas reconheceu que ainda se está "bem longe da meta estabelecida".

Hermele considerou "realista" o objectivo da redução da pobreza pela metade, mas sublinhou a importância de "disponibilizar mais dinheiro".

"A cooperação entre Norte e Sul deve ser melhorada e a coordenação entre os países doadores deve ser melhorada para que cada país rico não desenvolva uma política bilateral própria de desenvolvimento e a ajuda se torne mais eficaz", acrescentou o responsável.

Mais de 100 milhões de crianças nos países em desenvolvimento carecem da oportunidade de frequentar uma escola.

Cada ano, 500 mil mulheres morrem no parto por falta de atendimento médico adequado e só na África, há quatro milhões de pessoas com SIDA que não têm acesso aos medicamentos de que necessitam.