21.3.07

"Não era habitual ver pessoas de cor há 20 anos"

in Jornal Público

O Vlaams Belang (Interesse Flamengo), partido da extrema-direita flamenga, não nasceu ontem - tinha era outro nome, Vlaams Blok (Bloco Flamengo). Mudou de nome em Novembro de 2004, depois de ter sido condenado pelo supremo tribunal belga por racismo. Jozef De Witte, director do centro belga para a Igualdade de Oportunidades e Luta Contra o Racismo, orgulha-se que tenha sido uma queixa da sua organização que levou à condenação daquele partido, com um "claro discurso racista". Uma das ideias abertamente defendidas então era o repatriamento de todos os imigrantes não-europeus para os seus países de origem.

Nas eleições municipais de Outubro passado, o Vlaams Belang (VB), que defende a independência da Flandres, obteve 25 por cento dos votos em Sint-Niklaas. Wouter Van Bellingen, cujo partido nacionalista de esquerda Spirit venceu as eleições em coligação com o partido socialista, diz que "seria muito fácil culpar um partido" pelo incidente que o envolveu. E, em todo o caso, "a maioria da população não votou no VB". Não o ouvirão dizer que a sua cidade é racista - pelo contrário. De Witte defende que o racismo na Bélgica está ao nível de "quase todos os países no mundo". Com uma ou outra particularidade, talvez.

Ao tempo em que era um país colonial, "havia na Bélgica muito poucas pessoas do Congo [antiga colónia belga]", ao contrário de nações como França ou Inglaterra. "Porventura, há dez ou 20 anos, nalgumas partes da Bélgica não era muito habitual ver pessoas de outra cor ou de outras origens como Marrocos e Turquia.

"Segundo um estudo de 1999 sobre o mercado de trabalho na Flandres e em Bruxelas, existem três marroquinos e turcos no desemprego por cada marroquino e turco assalariado. Estas duas comunidades imigrantes constituem apenas quatro por cento da população belga, nota De Witte. As maiores comunidades estrangeiras são italianas, francesas e holandesas. "Mas claro que ninguém fala deles porque são europeus."