26.4.07

Caminhada pela inclusão juntou 700 entusiastas

António Orlando, in Jornal de Notícias

Nem a chuva os demoveu. Ao todo, foram cerca de 700 pessoas que meteram os pés ao caminho pela igualdade, fazendo a diferença numa caminhada que se iniciou, anteontem ao cair da noite, na Alameda de Teixeira de Pascoaes, em Amarante. Só terminou 10 quilómetros adiante na freguesia de Fridão. No final estavam encharcados, cansados, mas mais solidários e despertos.

A iniciativa insere-se no projecto Reforçar a Inclusão - PROGRIDE II (tendo, como entidades promotoras, a Câmara Municipal de Amarante e a Junta de Fridão e executora, o infantário-creche "O Miúdo"). Assim, a caminhada pela igualdade de oportunidades cumpriu o objectivo de assinalar o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades, que se celebra este ano. A marcha decorreu sob o espírito de Abril, de paz e de fraternidade. Os participantes receberam t-shirts brancas e cravos vermelhos em papel, produzidos pelos voluntários do projecto.

40 casos de violência

Antes de meterem os pés ao caminho, os cerca de 700 participantes na marcha a pé foram brindados por um mini-espectáculo de dança contemporânea na Alameda de Teixeira de Pascoaes. A encenação foi protagonizada pelos actores do grupo de teatro T´Amaranto e pelos estudantes da Cerci Amarante.

A caminhada, na véspera do 25 de Abril, pretendeu sensibilizar a comunidade do município para a necessidade de promover a igualdade de oportunidades e de rejeitar a discriminação. "O principal campo de intervenção no trabalho que desenvolvemos relaciona-se com a problemática da violência doméstica. Actuámos ao nível da prevenção, da sensibilização e da intervenção directa com as vítimas", esclareceu, ao JN, Estrela Carvalho, coordenadora do projecto.

Desde a abertura do gabinete em Setembro, o projecto já contabiliza cerca de 40 casos de violência domestica, em que as vítimas procuram apoio psicológico e social, mas também jurídico. A maioria dos casos de violência doméstica está ligada ao problema de alcoolismo. Há ainda situações relacionadas com o desemprego e questões culturais.

A responsável admite que existirão muitos outros casos, embora desdramatize a realidade de Amarante. "Este concelho não é mais nem menos do que se passa no país" garante.