16.4.07

Desemprego, novo nome da exclusão

Lígia Silveira, in Agência Ecclesia

Presidente da CNIS espera que o país aproveite as boas práticas existentes e aposte definitivamente na inclusão


Uma ideia muito positiva é a avaliação que o Padre Lino Maia, Presidente da CNIS faz do Roteiro para a Inclusão, terminado no passado Sábado, com um encontro em Santarém. Foi um ano a chamar a atenção para a necessidade da inclusão em Portugal, mas mais do que isso, “foi um lembrar as boas práticas”, sublinha, relembrando o discurso no dia 25 de Abril, onde o Presidente da República abordou a inclusão social como um espaço para o exercício “efectivo da liberdade”.

“Compromisso cívico para a inclusão” foi o nome da conferência que juntou Cavaco Silva e mais de mil pessoas de organizações e instituições sociais que trabalham no terreno do combate à exclusão. O Presidente da República manifestou como principais preocupações o baixo nível de instrução dos portugueses e a falta de uma “dimensão humanista no combate à exclusão”, afirmando mesmo que “preocupa-me menos um eventual excesso de direitos do que o efectivo défice de deveres”.

Neste país “há muita coisa boa”, afirma o Pe. Lino Maia, destacando a importância das Instituições de Solidariedade. Recorda que existem políticas “pouco valorizadas”, autarquias com um trabalho “meritório”, mas a importância maior incide nas ideias. “Não podemos polular com iniciativas, tem de haver ideias objectivas, metas e caminhos propostos”, aponta, para que as políticas decorram a partir daqui. Paralelamente é preciso “apoiar e reconhecer quem já está no terreno”.

O Roteiro para a Inclusão manifestou claramente a importância “de reconhecer e valorizar” o que já existe, lembrando acções das “autarquias e do Estado em geral”. Há quem trabalhe na tarefa da inclusão por “caridade e quem se dedique por uma questão de cidadania”, afirma o Presidente da CNIS, e ambas as atitudes não são excludentes.

O Pe. Lino Maia aponta a passividade que impera, em que as boas práticas são tarefas dos outros, ou do Estado em concreto, e que as pessoas em geral “apenas têm direitos e não deveres”. Ao contrário, o Presidente da CNIS manifesta que todos têm de dar as mãos, “ou por caridade ou por cidadania, todos têm de colaborar”. Para isso aponta a necessidade de mais voluntários, “não de mais instituições” ou de uma invasão de competências das autarquias noutros campos, mas “de uma atitude de dar as mãos”.

O desemprego surge como uma nova causa de exclusão a juntar ao baixo nível de instrução dos portugueses e da falta de dimensão humanista, apontadas pelo Presidente da República. “Hoje é o novo nome da exclusão”,assim acredita o Pe. Lino Maia. “Um desempregado é naturalmente um excluído, faltando-lhe o acesso a muitas coisas”, não lhe sendo reconhecidas “capacidades que detém”.

O Presidente da CNIS valoriza o reconhecimento e o estímulo dado às IPSS. Mas é importante que se organize um debate de ideias, “precisamos de ideias para o país, e todos precisamos de pôs o intelecto a funcionar”, aponta, destacando o interior e às zonas suburbanas como “os espaços onde há mais excluídos”, finaliza.