23.4.07

Fenómeno da pobreza não tem sido encarado a sério

Lucília Oliveira, in Fátima Missionária

"Um quinto de portugueses vive no limiar da pobreza. Isso responsabiliza-nos a nós, ao estado e à sociedade civil", afirmou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Jorge Ortiga


Na Nota pastoral “Desenvolvimento e solidariedade”, por ocasião dos 40 anos da publicação da encíclica Populorum Progressio, de Paulo VI, os prelados denunciam que a pobreza atinge 21 por cento da população portuguesa, e há “alguns especialistas” considerarem que é possível erradicar parcialmente o fenómeno.

“Porém, ainda não se encarou a sério esse problema”, e “os sintomas parecem apontar o sentido contrário”, refere a nota da CEP. Fenómenos como a “exclusão social, desemprego e emprego precário, desertificação do interior, envelhecimento da população, isolamento dos idosos, deficiências do sistema de saúde, desenraizamento dos imigrantes, entre outros” mostram o caminho que ainda falta percorrer.

Além disso, o “consumismo, a globalização, a deslocalização de empresas, a corrupção, o tráfico de pessoas humanas, de drogas e de influências são fenómenos que contribuem para ampliar a distância entre os ricos e pobres”, considera a Igreja.

Para alterar a situação actual é necessário um “desenvolvimento equilibrado e integral não se pode esquecer a educação, sector que se tem vindo a degradar” e que “precisa urgentemente de ser reabilitado”, consideram os bispos. As novas gerações “precisam de ser educadas para os valores humanos, cívicos e morais, suporte básico do desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade”, defendem.