23.4.07

Portugal em 2005 mais longe de cumprir Protocolo de Quioto

Mariana Oliveira, in Jornal Público

Portugal não pode aumentar em mais de 27 por cento as suas emissões entre 2008 e 2012, comparativamente a 1990. Em 2005 já ia nos 45 por cento


A Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza alertou ontem, Dia Mundial da Terra, para o facto de os últimos dados sobre as emissões de gases com efeito de estufa demonstrarem que Portugal está mais longe de cumprir as metas do Protocolo de Quioto. Os valores provisórios divulgados na semana passada referem-se a 2005 e foram disponibilizados no site da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.

Segundo a Quercus, em 2005 as emissões de gases que provocam o efeito de estufa atingiram cerca de 91 milhões de toneladas, um valor que se aproxima do recorde de 2002.

"Os dados de 2005 agora conhecidos apontam para 45 por cento de emissões de gases de efeito de estufa acima de 1990, 18 por cento acima do limite de Quioto, tendo assim este ano sido o segundo pior desde 1990", afirma a Quercus em comunicado. Isto porque, de acordo com o Protocolo de Quito, Portugal não pode aumentar em mais de 27 por cento as suas emissões entre 2008 e 2012, comparativamente a 1990.
A associação ambientalista contabiliza que a seca de 2005 agravou as emissões de Portugal em 3,9 por cento face a 2004.

"Os incêndios continuam infelizmente a ter um peso importante ao nível do uso do solo, alteração de uso do solo e floresta", lamentam os especialistas. E precisam: esta área, que era responsável por retirar três milhões de toneladas/ano de dióxido de carbono, foi em 2005 responsável pela emissão de quatro milhões de toneladas.
Rita Antunes, coordenadora para a área das alterações climáticas da Quercus, diz que os objectivos do Governo - nomeadamente a produção de 45 por cento da electricidade através de energias renováveis - são ambiciosos. Mas realça: "É preciso cumpri-los". "O ano passado foi um ano húmido e 35 por cento da electricidade foi produzida através de energias renováveis", exemplifica. "Para se chegar aos 45 por cento temos que trabalhar muito mais."

A ambientalista sustenta que é essencial apostar na eficácia energética e lembra que Portugal está obrigado a apresentar este ano um plano nacional para esta área. A Quercus alerta ainda para a provável subida do nível do mar, que afectará grande parte da costa portuguesa.