30.4.07

Preocupações com o emprego dominam as comemorações do Dia do Trabalhador

João Manuel Rocha, in Jornal Público

Palavras de ordem contra o desemprego e a precariedade laboral marcam discursos sindicais


As centrais sindicais portuguesas vão aproveitar o 1.º de Maio para denunciarem a "degradação das condições sócio-laborais". Os motes escolhidos quer pela CGTP quer pela UGT para as comemorações mostram que as preocupações com o desemprego e a qualidade do emprego vão dominar os discursos sindicais.

"Emprego, justiça social, dignidade" - reclama a CGTP, que deverá ensaiar o discurso mobilizador para a greve geral que convocou para dia 30 de Maio. "Mais e melhor emprego, contra a precariedade, pela Europa Social" - defende a UGT, que já se demarcou daquele protesto.

O líder da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, tem insistido que a manutenção de uma "matriz de desenvolvimento" assente nos baixos salários e na precariedade do trabalho tem conduzido a uma "paralisia e desesperança, e a um agravamento das desigualdades". E deverá voltar a fazê-lo. "Ou se põe isto em evidência, ou qualquer dia temos trabalho quase escravo", disse ao PÚBLICO.

João Proença, secretário-geral da UGT, reconhece que este 1.º de Maio ocorre "em condições particularmente difíceis" e sublinha a necessidade de "políticas ligadas ao combate ao desemprego" e de criar condições para o "crescimento económico e competitividade", o que, em seu entender, passa pela formação e por "políticas activas de emprego" e por uma "melhor qualidade do trabalho". O sindicalista destaca igualmente o facto de os trabalhadores estarem cada vez mais "ameaçados durante a sua vida com vínculos precários".

Pontos altos são em Lisboa

A grande capacidade de mobilização da CGTP permite-lhe organizar iniciativas populares de carácter sindical, desportivo e cultural em 47 localidades. Mas a maior parte das comemorações ocorre amanhã, com concentrações, manifestações, desfiles e intervenções sindicais.

Carvalho da Silva fala na manifestação-comício marcada para as 15h00, que decorre entre o Estádio 1.º de Maio e a Cidade Universitária, em Lisboa, onde também se realiza, a partir das 10h00, a 26.ª Corrida Internacional 1.º de Maio, uma prova de 15 quilómetros com partida do Estádio 1.º de Maio e passagem pelas principais ruas da capital. No Porto, o comício-manifestação é à mesma hora, no espaço entre a Praça do General Humberto Delgado.

A UGT assinala o dia no Parque da Cidade, em Loures, onde João Proença fala, pelas 16h30. E a União dos Sindicatos Independentes vai, tal como fez no ano passado, assinalar o Dia do Trabalhador amanhã às 15h30 no Rossio, em Lisboa, e na Praça de D. João I, no Porto. Citado pela agência Lusa, o coordenador, Afonso Diz, anunciou que vai aproveitar para apelar a um "sindicalismo com qualidade, mais efectivo, mais eficaz, mais actuante e mais próximo" dos trabalhadores.

As concentrações são também oportunidades para as centrais sensibilizarem os trabalhadores para os grandes dossiers da área laboral dos próximos tempos - revisão do Código do Trabalho e flexi-segurança (conceito que procura conciliar flexibilidade para despedir com melhor protecção no desemprego).