31.5.07

Plano Nacional de Leitura pôs um milhão de crianças a ler na sala de aula

Kathleen Gomes, in Jornal Público

Escolas salientam a aquisição de mais livros e o reforço da relação com as bibliotecas escolares


O Plano Nacional de Leitura (PNL) faz hoje um ano e o Governo fez ontem o balanço: o programa pôs um milhão de crianças, do ensino pré-escolar ao 2.º ciclo, a ler diariamente na sala de aula. Balanço positivo, assinalou a comissária do PNL, a professora e escritora de literatura infanto-juvenil Isabel Alçada. "A participação mostra que as pessoas estão interessadas na leitura", concluiu, referindo-se também a parceiros como autarquias e à adesão da sociedade civil.

Na sessão realizada ontem de manhã no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, havia três ministros presentes - dos Assuntos Parlamentares, da Educação e da Cultura -, o que atesta que o PNL é, como o designou Isabel Alçada, "um projecto nacional".
O Plano é um pacote de estratégias que pretende "sensibilizar todos para a importância da leitura", com especial incidência sobre as crianças, lembrou ontem Augusto Santos Silva, ministro dos Assuntos Parlamentares. Uma das estratégias promovidas é o estabelecimento de períodos de leitura diários ou semanais na sala de aula.

O PNL tem uma meta objectiva: colocar os níveis de literacia da população portuguesa a par da média europeia (Bruxelas quer que, até 2010, a fasquia de leitores competentes seja de 84,5 por cento). Foi um balanço quantitativo o de ontem. Falou-se sobretudo de números, que comprovam a adesão ao PNL de escolas (quase nove mil), bibliotecas públicas e câmaras municipais, entre outros.

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, destacou o facto de o financiamento das câmaras municipais (49, no total) para a aquisição de livros em escolas ser o mesmo que o orçamento do seu ministério para o mesmo efeito - 1,5 milhões de euros em ambos os casos. Tendo em conta que o período em causa é de apenas um ano, o envolvimento de parceiros no PNL "excedeu largamente as expectativas", disse a ministra.

Para um balanço qualitativo, será preciso esperar até Setembro. É a data prevista para apresentar o estudo de avaliação do PNL que está a ser desenvolvido por uma equipa de sociólogos do ISCTE. Alguns dados preliminares deste estudo - que inclui inquéritos às escolas, study-cases, entrevistas aos públicos e agentes dos programas e um barómetro da opinião pública - foram ontem adiantados pelo seu coordenador, António Firmino da Costa.

A opinião geral sobre o PNL nas escolas é "bastante positiva", existindo a percepção de que permitiu a aquisição de mais livros, uma presença alargada dos mesmos na sala de aula e o reforço da relação com as bibliotecas escolares.

Como pontos negativos, alguns professores apontaram o "arranque tardio dos programas em relação ao início do ano lectivo, atrasos na entrega de verbas e as actividades serem sugeridas com pouca antecedência". Alguns consideraram ainda que as actividades propostas pelo plano "já eram desenvolvidas por eles, trazendo pouco de novo".