20.6.07

Há mais de 14 milhões de refugiados e de 24 milhões de deslocados em todo o mundo

Jorge Heitor, in Jornal Público

O maior contingente é constituído por 4,3 milhões de palestinianos, seguido por afegãos e iraquianos


O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) anunciou ontem que o número de refugiados que regista aumentou o ano passado pela primeira vez desde 2002, em grande parte devido à crise no Iraque. E quando a esse total se adicionam os 4,3 milhões de refugiados palestinianos, que só por si requerem uma agência própria (em inglês designada UNRWA), atinge-se a soma de mais de 14 milhões de refugiados.

Sem contar os 24,5 milhões de pessoas deslocadas dentro dos próprios países (as IDP), de que um número recorde de quase 13 milhões também está a ser protegido ou assistido pelo ACNUR, que tem sede na cidade suíça de Genebra.

Segundo o relatório Tendências Globais 2006, sobre refugiados, pessoas que procuram asilo, IDP e apátridas, o número de refugiados actualmente ao cuidado do comissariado dirigido por António Guterres subiu o ano passado 14 por cento, tendo atingido quase 10 milhões. Essencialmente devido à grave situação no Iraque, que no fim do ano passado obrigara um milhão e meio de iraquianos a refugiar-se noutros países, muito em particular na Síria e na Jordânia.

"À medida que as vítimas de perseguição, intolerância e violência aumentam em todo o mundo, devemos enfrentar os desafios e exigências de um mundo em mudança, permanecendo fiéis ao nosso mandato de defesa dos direitos dos refugiados e de outras pessoas ao nosso cuidado", diz Guterres num comunicado que acompanha o relatório.

Em 2006, e excluindo os palestinianos refugiados na Jordânia, Líbano, Síria e outros territórios, o principal grupo de refugiados continuou a ser o dos afegãos (2,1 milhões), seguido pelo milhão e meio de iraquianos, por 686.000 sudaneses e por 460.000 somalis.

Depois surgiam 400.000 da República Democrática do Congo (RDC) e outros tantos do pequeno Burundi, dois países, tal como o Iraque, o Afeganistão, o Sudão e a Somália, incluídos na lista de Estados falhados elaborada pela revista norte-americana Foreign Affairs e pelo Fund for Peace.

Quanto às IDP, o relatório refere designadamente casos como o Uganda, a Libéria e Timor-Leste, que este ano apareceu pela primeira vez na lista dos Estados falhados, em vigésimo lugar, entre o Burundi e o Nepal. Só na cidade de Díli haverá ainda 20.000 pessoas a viver em instalações provisórias, devido à crise do primeiro semestre do ano passado.

10
milhões de refugiados contabilizados pelo ACNUR

4,3
milhões de refugiados palestinianos, a cargo da UNRWA

24,5
milhões de pessoas deslocadas