27.7.07

Lar para crianças em risco

Ana Correia Costa, in Jornal de Notícias

Não soluciona, mas "ajuda a minimizar os problemas de acolhimento institucional [de crianças em risco] do concelho" de Santo Tirso, que não tem resposta para jovens com mais de 12 anos. Ou seja, a eterna questão da falta de vagas que, tantas vezes, empurra os menores para locais distantes daqueles onde nasceram.

Para Santo Tirso e Trofa, o auxílio chegará pela mão da ASAS - Associação de Solidariedade e Acção Social (tem sede no primeiro concelho, mas também integra a rede social do segundo) -, que vai criar, em Vila das Aves, um centro de acolhimento para 12 meninos entre os 8 e os 14 anos. "São crianças vítimas de negligência, maus tratos ou abandono", define Maria do Céu Brandão, directora da área de acolhimento da instituição.

Contudo, a dificuldade de espaço para aquela faixa etária só será minorada caso se verifique o pressuposto da "rotatividade" depois de definido o "projecto de vida" - idealmente, é estudado em meio ano -, a criança sai do acolhimento dando lugar a outra, explica a responsável. Mas nem sempre a complexidade dos casos permite uma permanência de apenas seis meses. E, embora 18 seja o máximo, alguns menores vêem a sua institucionalização prolongada por anos. No Centro de Acolhimento Temporário Renascer, da ASAS, o significado do adjectivo já terá perdido qualquer sentido - o 'provisório' deu lugar ao 'permanente'. Pelo menos, para um menino que, tendo entrado com "cinco ou seis meses", aguardou uma década para ser adoptado. Multiplicadas, geram a "sobrelotação" dos abrigos.

Um contrato de comodato estabelecido com a Junta de Freguesia das Aves por 25 anos colocará o novo centro de acolhimento num edifício actualmente degradado daquela vila, entretanto baptizado de Casa do Sol. Do concurso público para a empreitada de recuperação do imóvel- são 203 mil euros - resultou a aprovação de três propostas que estão "em fase de análise", adiantou, ao JN, Gilda Torrão. "Até finais de Julho tem de estar decidido", assegurou a secretária-geral da ASAS, que apontou a inauguração do equipamento para o final de 2008.

Sendo uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), a Segurança Social dará uma comparticipação de 100 mil euros. Os cálculos mostram que vão ser precisos mais "50 mil para equipamento". "Estamos a contar com o apoio da comunidade tirsense e trofense, porque não temos património próprio", rogou o presidente da instituição, José Pinto.