29.8.07

Mais de 36 milhões de americanos vivem abaixo do limiar da pobreza

Helena Tecedeiro, in Diário de Notícias

Pobres constituiriam o maior estado dos EUA, à frente da Califórnia


Em 2006, 36,5 milhões de americanos - mais do que os habitantes da Califórnia, o maior estado da União - viviam abaixo do limiar da pobreza, revela um relatório do gabinete de recenseamento ontem divulgado. A subir desde 2000, no último ano a taxa de pobreza passou de 12,6% para 12,3% da população, a mais baixa da última década. Mas esta nota positiva contrasta com o aumento do número de pessoas que não têm seguro de saúde: de 44,8 milhões, em 2005, passou para 47 milhões.

O pequeno recuo na percentagem de pobres deve-se sobretudo à melhoria do nível de vida da comunidade hispânica (44 milhões de pessoas). Enquanto brancos, negros e asiáticos mantiveram valores semelhantes a 2005, o número de hispânicos pobres diminuiu 1,2%, de 21,8% para 20,6%. Mesmo assim a comunidade negra (40 milhões de pessoas) continua a ser mais a pobre: 24,3% vivem com dificuldades. Para o Census, um agregado familiar de duas pessoas é pobre se o seu rendimento anual for inferior a 13167 dólares (9676 euros). Numa família de três pessoas o limite é de 16079 dólares.

Os menores de 18 anos, um quarto da população dos EUA, constituem 35% dos pobres (12,8 milhões). Quanto aos idosos (mais de 65 anos), com 3,4 milhões de pobres (9,4%), atingem a menor percentagem desde 1959. Em termos geográficos, os estados do Sul dos EUA (como a Luisiana ou o Mississipi) são, em média, mais pobres do que os do Norte (como New Jersey ou Connecticut).

Para Mark Rank, um dos autores do estudo citado pelo Christian Science Monitor, "a pobreza pode não ser tão visível nos EUA, mas está mais disseminada".

Para os analistas americanos, o aumento das pessoas sem seguro de saúde - de 44,8 milhões, em 2005, para 47 milhões em 2006 - é o número mais preocupante deste estudo. "Estas estatísticas são mesmo uma má notícia. Significam que, ou cada vez mais americanos vão viver sem assistência médica, ou o Governo terá uma factura mais pesada a pagar", explicou Ron Haskins, economista do instituto Brookings, à AFP.

Neste momento, com os programas Medicare (destinado aos idosos) e Medicaid (para os mais pobres), a Administração americana garante assistência médica a cerca de 87 milhões de pessoas.

O Census analisou ainda a evolução do nível de rendimento dos agregados familiares americanos no último ano. A conclusão foi que, em média, este sofreu um ligeiro aumento, de 47845 dólares, em 2005, para 48200 dólares em 2006.