17.12.07

Instituição social pode fechar

Helena Simão, in Jornal de Notícias

A sobrevivência da Casa dos Afectos só está garantida até Fevereiro e com uma gestão muito apertada


A Casa dos Afectos, uma instituição social que acompanha o desenvolvimento de crianças carenciadas e com problemas comportamentais do concelho da Marinha Grande, corre o risco de fechar as portas por falta de apoios. O projecto financiado por fundos comunitários está em perigo devido ao hiato que se está a verificar entre o III Quadro Comunitário de Apoio (QCA) e o Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). Enquanto não são abertas as candidaturas, 42 crianças poderão deixar de ter ajuda.

Ana Patrícia Nobre, responsável pelo projecto, não sabe o que fazer. "Até aqui temos sido apoiados pelo Programa Operacional de Emprego, Formação e Desenvolvimento Social do III QCA, que nos assegura a manutenção até 31 de Dezembro. Precisamos de submeter uma nova candidatura para garantir a continuidade, mas ainda não sabemos quando o podemos fazer", explica.

A Segurança Social poderia ser uma resposta ao problema, mas também aqui a Casa dos Afectos esbarrou com inúmeras dificuldades. Segundo Ana Patrícia Nobre, a entidade promotora do projecto, a Associação de Desenvolvimento e Cooperação Atlântida, reuniu, em Setembro, com o director distrital da Segurança Social, de forma a dar início ao processo para um acordo de cooperação. Mas a aprovação pode demorar meses e a instituição não tem tanto tempo.

"Devido às campanhas que vamos promovendo a favor desta causa, como o festival de jazz, conseguimos algumas verbas, que sustentarão a Casa dos Afectos até Fevereiro, mesmo com baixos recursos", revela, questionando o futuro do espaço.

Até agora, desde que foi inaugurada há quatro anos, a instituição tem ajudado crianças que são identificadas nas escolas, no centro de saúde ou na Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ). As consultas de psicologia, terapia da fala ou de pedagogia terapêutica são gratuitas ou pagas de forma simbólica, dependendo da remuneração das respectivas famílias.

Ana Patrícia Nobre admite que "se não houver luz ao fundo do túnel o programa passa a ser totalmente privado", abandonando o fim para o qual foi criado. "Para já, não sabemos o que vamos fazer, mas gostávamos muito de continuar, já que esta é a única resposta que existe no concelho, por exemplo, ao nível de psicólogos. Nem o centro de saúde nem a CPCJ têm um profissional que acompanhe as crianças".

Desde 2003, foram apoiadas 253 crianças, 68% das quais com idades entre os 6 e os 10 anos. A maioria tem distúrbios emocionais ou problemas comportamentais e é auxiliada durante o tempo considerado adequado por especialistas disponibilizados pela instituição,localizada em Casal Galego.