27.12.07

O Norte continua a ser a região portuguesa com maior índice de desemprego

Jorge Marmelo, in Jornal Público

Dados estatísticos relativos ao terceiro trimestre de 2007 indicam que o fenómeno atinge sobretudo as mulheres e os indivíduos com formação superior


Há, na Região Norte, cerca de três mil postos de trabalho a menos do que há um ano. A afirmação consta do relatório Norte Conjuntura relativo ao terceiro trimestre de 2007, produzido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte a partir dos dados estatísticos disponíveis até 13 de Dezembro último, o qual dá conta do agravamento de vários indicadores relacionados com o fenómeno do desemprego.

Segundo aquele documento, a região completou em Setembro quatro trimestres consecutivos com variações homólogas negativas do emprego, desta vez em contraciclo com a média nacional, que registou um aumento de 0,3%. O cenário é ainda mais negro entre as mulheres (o emprego feminino baixou 1,4% e já leva seis trimestres em queda) e os indivíduos com formação superior, cuja taxa de desemprego se cifrou em 10,8% no final do trimestre. Este valor representa um crescimento de 2,5 pontos percentuais relativamente ao trimestre homólogo do ano passado e supera em 2,5% a taxa nacional, que está situada nos 8,3%.

Em Setembro, a taxa de desemprego no Norte ficou, assim, em 9,5%, ligeiramente acima da verificada no trimestre anterior (9,4%) e bastante acima da registada em Setembro de 2006 (8,5%). O Norte continua, assim, a ser a região portuguesa com maior nível de desemprego.

No período analisado, os concelhos de Moimenta da Beira, Sabrosa, Resende, Monção e Alfândega da Fé foram aqueles que mais contribuíram para o agravamento do desemprego registado, sabendo-se já que esta tendência se manteve também no passado mês de Outubro. O relatório salienta que, apesar de tudo, o cenário representa uma atenuação da tendência negativa registada nos trimestres anteriores.

Por sectores de actividade, os maiores contributos para a diminuição dos postos de trabalho pertenceram à construção, onde se perderam cerca de 15 mil empregos, à educação (11 mil) e ao alojamento e restauração (oito mil). A saúde e acção social e as actividades imobiliárias e de serviços às empresas foram, em sentido oposto, os sectores que mais emprego criaram: 30 mil postos de trabalho.

Como nem todas as notícias podem ser más, o relatório aponta para o crescimento dos salários reais na região. Em termos médios, os ordenados cresceram 2,3% face ao terceiro trimestre de 2006, apesar da diminuição registada a nível nacional. Ainda assim, os trabalhadores por conta de outrem auferiam na Região Norte um salário médio mensal líquido de 661 euros, contra 720 euros a nível nacional.

A inflação homóloga ficou, no terceiro trimestre, em 1,9%, desacelerando (0,5%) relativamente ao trimestre anterior. Já em Outubro, porém, verificou-se novo agravamento da inflação, situando-se outra vez nos 2,4%. O relatório salienta que, nos últimos dois trimestres, a inflação na região ficou sempre abaixo da média nacional. O crescimento económico sofreu também uma ligeira desaceleração, apesar do maior dinamismo registado na procura interna.

A actividade turística da Região Norte mantém o bom desempenho, recuperando mesmo da ligeira desaceleração do trimestre anterior. O sector apresenta indicadores positivos no que respeita ao número de hóspedes e de dormidas em estabelecimento hoteleiro e aos proveitos obtidos. Em alta esteve também o cluster automóvel, responsável pelo aumento das exportações. Os sectores mais tradicionais, como o calçado e o vestuário, registaram, porém, indicadores menos favoráveis, tendo diminuído o volume de negócios.