11.1.08

Centro dá cada vez mais ajuda a adolescentes

Carla Cruz, José Mota, in Jornal Público

Centro Juvenil de Campanhã nos últimos dez anos, oito dos jovens residentes conseguiram concluir um curso superior


São uma família, mas em tamanho grande. "Enquanto cá estão é nossa missão dotá-los [aos rapazes] de autonomia de vida e prepará-los para a sociedade". É desta forma que Fausto Ferreira, presidente da Administração do Centro Juvenil de Campanhã descreve a instituição portuense, que hoje completa o 194º aniversário.

Hoje, o centro alberga um total de 132 rapazes em regime interno, 92 na sua sede, no Porto, e 40 no pólo de Vila do Conde, inaugurado há precisamente um ano. Todos os anos a casa acolhe novos residentes. As idades não estão fixadas.

" Sempre que se encontre uma criança em risco e estejam criadas condições na instituição para a receber é nosso dever acolhê-la. Da mesma forma, não somos capazes de convidar um residente a sair quando atinge a maioridade. Sentimos que têm de estar preparados para enfrentar a vida adulta. Deste modo, saem quando têm asas para voar", refere Fausto Ferreira. As "asas para voar", como lhe chama, são o culminar de todo um trabalho realizado desde que os rapazes chegam à casa. Nos últimos anos, a instituição acolheu mais adolescentes, idade em que se torna muito mais difícil modificar-lhes os comportamentos. Droga, maus tratos e delinquência juvenil são os principais problemas.

Burocracia a mais

"Muitos dos problemas são detectados sete ou oito anos antes. Neste sentido, não pode falar-se numa actuação eficiente por parte das autoridades. Há demasiada burocracia. Quando todos falharam, a família, a sociedade, não pode esperar-se que façamos milagres. Não é fácil alterar comportamentos", salienta. "O trabalho passa por estabilizá--los psicologicamente. A partir daí, o que fazemos é ajudá-los a traçar um projecto de vida", prossegue. Nos últimos 10 anos, oito residentes conseguiram concluir um curso superior.

Financiar uma instituição destas não é tarefa fácil e o pólo de Vila do Conde é disso exemplo. "De um milhão e quinhentos mil euros, custo total da obra, tivemos de financiar dois terços. Ainda estamos a dever à Banca", refere Fausto Ferreira. No futuro, os projectos passam pela criação de um pólo no Algarve; a criação, em Vila Nova de Gaia, de um centro para raparigas; e ainda um projecto de prestação de cuidados paliativos ao domicílio.