8.1.08

Desemprego só subiu em Portugal e na Irlanda

Alexandra Figueira, in Jornal de Notícias

São dois os países da União Europeia a contrariar a tendência de descida do desemprego, mas dificilmente Portugal pode comparar-se à Irlanda. Se por cá, em Novembro, a taxa de desemprego alcançou os 8,2%, os irlandeses viviam com um valor muito mais baixo, de apenas 4,3%, de acordo com as estatísticas do Eurostat.

De resto, na Europa, todos os países tinham menos pessoas sem trabalho do que um ano antes, excepto o Luxemburgo e a Roménia. Os dados do Eurostat, ontem tornados públicos, dizem ainda que, pela primeira vez, Portugal atingiu o mesmo valor de desemprego de Espanha, país onde há 25 anos era comum encontrar taxas acima dos 20%.

Agora, a Europa vem confirmar o que o instituto português de estatística, o INE, tem vindo a dizer que ao longo dos últimos anos, por cá, o desemprego não pára de crescer. Mas enquadra essa realidade no cenário europeu - e, pelo resto da Europa, a quantidade de pessoas sem trabalho tem feito o caminho oposto, ou seja, tem vindo a diminuir.

Durante muitos anos, até aos primeiros desta década, a taxa de desemprego em Portugal era bastante baixa. Rondava os 4%, menos de metade da de hoje. Mas pelo ano de 2003, o desemprego começa a subir. A abertura de mercados, sobretudo com a progressiva entrada da China no comércio mundial, a má preparação das empresas portuguesas para concorrer em mercados mais competitivos e de maior valor acrescentado e a deslocalização de várias multinacionais atiraram muitos milhares de pessoas para o desemprego. Além disso, a economia portuguesa quase estagnou e o número de pessoas disponíveis para trabalhar tem aumentado mais do que os postos laborais criados.

Em consequência, o desemprego nacional foi subindo, ao mesmo tempo que descia na generalidade da Europa, que nos habituamos a ver com taxas superiores à portuguesa. Recentemente, mesmo, a taxa de desemprego portuguesa ultrapassou a média da União Europeia.

Estes dados do Eurostat dizem respeito apenas ao mês de Novembro e são ajustados à sazonalidade (no Verão, por exemplo, o desemprego desce sempre em Portugal, por causa da maior procura de trabalhadores pelo turismo). Não são, por isso, comparáveis aos 7,9% apurados pelo INE para o terceiro trimestre do ano passado.