24.1.08

Mais instruídas mas ainda discriminadas

Isabel Forte, in Jornal de Notícias

Mulheres lideram na formação ligada a desenvolvimento social e humano


E las são cada vez mais numerosas no mercado laboral, cada vez mais instruídas e cada vez melhor qualificadas. Porém, são eles que continuam a mandar e a ter os melhores trabalhos. A edição de 2008 do relatório sobre a igualdade entre homens e mulheres, que será apresentado aos dirigentes da União Europeia em Março e que ontem foi adoptado pela Comissão Europeia, indica que há um número cada vez maior de mulheres a trabalhar e que as desigualdades em relação aos homens continuam a ser evidentes.

Segundo o documento, as mulheres estão a assumir um papel marcante no crescimento do emprego na Europa, ocupando mais de 7,5 dos 12 milhões de novos postos de trabalho criados na UE depois de 2000, o que não as impede de estarem numa posição laboral inferior ao homem. O relatório refere, por outro lado, que, apesar de possuírem um nível médio de estudos mais elevado do que os homens (59% com formação universitária), continua a haver menos emprego feminino do que masculino e que a disparidade em matéria de remunerações se mantém. "Na Europa continuam a existir diferenças salariais", declarou, ontem, Vladimir Spidla, o comissário para a igualdade de oportunidades "Embora as mulheres possuam um nível de instrução melhor, as suas carreiras são geralmente curtas, mais lentas e menos bem pagas". Acresce que na UE a formação superior das mulheres se evidencia nas ciências da educação, saúde, artes, humanidades, ciências sociais e leis, enquanto os homens se concentram na agricultura, matemática e engenharia, o que implica também uma segregação no acesso feminino a determinadas funções, como à ciência ou engenharia, onde apenas 29% das mulheres ocupam, na UE, cargos nessas áreas.

O relatório sublinha que a taxa de emprego das mulheres se situa nos 57,2% e que elas ainda encontram dificuldades em chegar a cargos de decisão, sendo que a proporção de mulheres dirigentes tem progredindo lentamente, situando-se nos 33%. As desigualdades existem, também, no domínio da vida profissional e privada, com a taxa de emprego das jovens mães a ficar-se nos 62,4% e a dos pais em 91,4%.

Mais habilitadas e melhor qualificadas

59% das mulheres da União Europeia possuem formação universitária, mas são elas quem continua a ter uma taxa de emprego e salários inferiores aos dos homens.