15.1.08

Zona livre de comércio agrava a pobreza em África

Elísio Assunção, in Fátima Missionária

Milhares de pessoas participaram, em Dacar, no Senegal, numa marcha de protesto contra os Acordos de Cooperação Económica, propostos pela Europa à África, Caraíbas e Pacífico


A manifestação foi convocada pela coligação nacional contra os Acordos de Pareceria Económica (APE), recentemente criada no Senegal. Grupos políticos, organizações sindicais e sociais, intelectuais, artistas e associações profissionais estão contra os acordos.

"Não vamos assinar" e "Não a uma nova colonização de África" foram as palavras de ordem gritadas. Os manifestantes percorreram quase dois quilómetros pelas principais ruas da capital senegalesa.

No comício de encerramento, as críticas aos APE, propostos na cimeira Europa/África, de Lisboa, foram unânimes. Salientaram que tais acordos procuram manter "a exploração económica do continente africano".

Num documento entregue ao primeiro-ministro, Adjibou Soumaré, defendem uma fórmula de cooperação entre África e a Europa capaz de ter em conta as disparidades económicas entre ambos os continentes. O mesmo documento foi entregue também na Delegação da Comissão da União Europeia (UE) em Dacar.

O presidente senegalês, Abdoulaye Wade, trava uma campanha contra a assinatura destes convénios. Em contrapartida propõe Acordos de Cooperação para o Desenvolvimento, que considera mais conformes às expectativas dos países africanos.

O estabelecimento de uma zona de livre troca comercial implica o levantamento das barreiras aduaneiras entre ambos os continentes. Tal situação acabaria por destruir as ambições de desenvolvimento de África. "A entrada livre dos produtos europeus nos nossos mercados terá como consequência o desaparecimento das indústrias locais e o agravamento do desemprego e da pobreza", afirmou o presidente.