26.2.08

Envelhecimento, sem-abrigo e crianças são «problemas sérios»

in Sol

O presidente da Rede Europeia Antipbreza Portugal, Agostinho Jardim Moreira, classificou hoje o envelhecimento da população, os sem-abrigo e as crianças de rua como «três problemas sérios» de Lisboa

Em declarações aos jornalistas à margem da abertura de um seminário organizado no âmbito do Observatório de Luta contra a Pobreza em Lisboa, Agostinho Jardim Moreira disse que no que respeita ao envelhecimento da população o que se encontra são «armazéns de recolha de pessoas» e que estas precisam «muito mais de ser amadas e acarinhadas».

«Deve criar-se uma cultura de atenção para com os idosos», defendeu este responsável, sublinhando que não basta arranjar «armazéns» para os depositar.

No que respeita aos sem-abrigo, o responsável da Rede e do Observatório Antipobreza escusou-se a quantificá-los devido à inexistência de números objectivos, mas admitiu que podem ser «centenas».

Já sobre as crianças de rua defendeu que, além de terem que ser pensadas respostas para abolir este fenómeno, é «tão ou mais importante» conseguir saber quais as causas, alegando que se existem crianças de rua «é porque existem famílias que não têm capacidade para as educar».

Os imigrantes são, segundo Agostinho Jardim Moreira, outro dos problemas de Lisboa, porque quer venham de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), do Leste ou outros, são seres humanos «com culturas e hábitos próprios, com dificuldades de integração e que por isso mesmo podem ser alvo de fenómenos de exclusão social».

«O que é necessário é que todos estejamos preparados para fomentar uma sociedade multicultural baseada no amor e na justiça porque só assim teremos uma sociedade democrática», disse.

Agostinho Jardim Moreira considerou que a tarefa cabe à sociedade civil, mas também aos políticos que têm de deixar de se nortear por princípios de «capitalismo selvagem», muitas das vezes «impostos» pelos poderes económicos.

Na abertura do seminário participaram ainda o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Rui Cunha, a directora do Centro Distrital de Lisboa do Instituto de Segurança Social, um representante do Governo Civil de Lisboa e uma representante da Rede de Luta Antipobreza da Catalunha.

Na sessão da tarde será divulgado um relatório do Observatório de Luta contra a Pobreza em Lisboa que aponta as freguesias de Marvila e do Castelo como as «mais vulneráveis» a fenómenos de pobreza.

Questionado sobre esta questão, Agostinho Jardim Moreira sublinhou que pelos dados existentes «não se pode dizer que estas freguesias sejam as mais pobres de Lisboa», mas apenas que são as que apresentam «mais vulneravibilidade» face aos dados objectivos existentes.

Lusa/SOL