24.2.08

José Sócrates nega que esteja a desmantelar o Estado social

Isabel Teixeira da Mota, in Jornal de Notícias

Novas Fronteiras marcaram os três anos de Sócrates no Governo


Contrariando as vozes de temor pelo desinvestimento no sistema nacional de saúde e de pensões, o líder do PS fez ontem a jura de que não pretende desmantelar o Estado social. "Não queremos um Estado social mínimo, queremos um Estado social mais forte", disse o primeiro-ministro no discurso de abertura do Fórum Novas Fronteiras, que decorreu no Centro de Congressos de Lisboa.

A iniciativa socialista, aberta a independentes, contou com um balanço dos três anos de governação da maioria PS, com destaque de "15 marcas da modernidade do país". E entre elas, o líder socialista quis salientar precisamente as medidas sociais.

"Dizem alguns, repetindo slogans antigos, que aumentaram as desigualdades. Pois eu quero contestar com factos simples, objectivos e verificáveis. O risco de pobreza diminuiu, o rendimento disponível aumentou, baixou o insucesso escolar, baixou o abandono escolar, o salário mínimo teve o maior aumento da década. Tudo isto são factos e factos incontestáveis", disse Sócrates.

Mas o líder socialista não se ficou nas medidas sociais. Foi mais longe nos elogios ao seu próprio Governo, destacando a governabilidade e estabilidade do Executivo que formou há três anos. "Acredito na importância crucial do bom Governo. Governar bem é governar com competência e com rigor", disse, contrapondo o comportamento do Governo ao do maior partido da Oposição que caracterizou como sendo de "descrédito e desorientação".

"Não sabe honrar os compromissos que livremente assumiu, os acordos que livremente celebrou e demonstra uma falta de sentido das responsabilidades, não hesita faltar à palavra dada", acusou, referindo-se à ruptura por parte do PSD dos mais recentes acordos em torno do novo mapa judiciário e da lei eleitoral autárquica (ler texto em baixo).

Sem referir qualquer falha governativa, Sócrates sublinhou ainda a "fronteira" que vê entre os anos anteriores a 2005 e os posteriores. "Estes anos que vivemos marcam uma fronteira entre o antes e o depois". Em vários domínios, o líder dos socialistas foi apresentando a evolução "antes os idosos com rendimentos abaixo do limiar da pobreza estavam entregues à sua sorte. Depois esses mesmos idosos estão a beneficiar já de uma prestação que os retira da pobreza".

O psicólogo Júlio Machado Vaz, o neurocirurgião João Lobo Antunes, António Vitorino, Joaquim Gomes Canotilho foram alguns dos oradores do encontro de ontem. O constitucionalista de Coimbra apresentou as 15 marcas da modernidade socialista concluindo pela "bondade intrínseca" das medidas tomadas nos últimos três anos.