14.2.08

Pobreza e tráfico de pessoas

Octávio Carmo, in Agência Ecclesia

Cáritas deixa alerta no Fórum Global das Nações Unidas sobre esta temática, a decorrer em Viena


A confederação internacional da Cáritas deixou em Viena um alerta contra os efeitos da pobreza extrema, que classificou como “o principal motor do tráfico de pessoas”.

A intervenção da Caritas Internationalis ocorreu na por ocasião do Fórum Global Contra o Tráfico de Pessoas das Nações Unidas, que decorre até esta Sexta-feira na capital da Áustria.

“O tráfico de seres humanos é alimentado pela pobreza, que com frequência é agravada pela injustiça e pela falta de oportunidades que fazem que as pessoas sejam vulneráveis aos criminosos”, pode ler-se no sítio oficial da organização, em www.caritas.org

Para a rede de 162 agências católicas de assistência humanitária e solidariedade, presente em 200 países, é fundamental “adoptar políticas migratórias e económicas que reduzam a vulnerabilidade perante o tráfico e que, ao mesmo tempo, enfrentem as raízes deste tráfico com uma acção decidida para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”.

“Combater o tráfico significa preservar a dignidade humana, lutar contra a pobreza e promover e defender os direitos humanos. Todos estes elementos se encontram no coração da missão e do trabalho da Cáritas”, explica o documento que esta instituição enviou à assembleia.

A organização católica constata que o tráfico desses seres humanos acaba por reduzi-los escravos”com actos criminosos que violam os direitos humanos básicos, a dignidade inviolável e a integridade da pessoa humana”.

“Na legítima busca de condições de vida dignas ou de sobrevivência, milhares de pessoas, cada vez mais mulheres, deixam as suas comunidades e são atraídas ou presas na escravidão”, alerta a Caritas Internationalis.

Neste sentido, lança-se um apelo “aos líderes do mundo, em particular aos das nações mais ricas, para que honrem seus compromissos para combater a pobreza e para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”.

“Estas promessas não cumpridas estão a gerar desespero e uma desumanizante injustiça, que é o que o tráfico de pessoas e a escravidão significam”, conclui a organização.

De acordo com os dados da ONU, um total de 161 países são afectados por este tipo de crime, seja como países de origem, trânsito ou destino do tráfico de seres humanos.

O Fórum de Viena reúne mais de mil especialistas de todo o mundo, políticos, organizações não-governamentais e vítimas de tráfico humano, com o objectivo de encontrar formas de combater este fenómeno que, segundo estimativas da ONU, produz lucros que ultrapassam os 31 mil milhões de dólares anuais, mais de 21 mil milhões de euros.

A Cáritas iniciou a rede ecuménica COATNET (Organizações cristãs contra o tráfico) e está comprometida numa parceira com ordens religiosas de todo o mundo, para travar este flagelo.