24.2.08

Pobreza: Presidente do Banco Alimentar diz que há mais crianças afectadas devido ao agravamento da situação das famílias

in RTP

A presidente do Banco Alimentar considerou hoje que o número de crianças afectadas pela pobreza tem vindo a aumentar nos últimos anos devido ao agravamento das condições de vida de muitas famílias, sobretudo das famílias desestruturadas e monoparentais.

"Nós temos vindo a alertar para este fenómeno, que está provado por dados estatísticos e estudos", disse Isabel Jonet à agência Lusa.

O Banco Alimentar faz campanhas anuais de recolha de alimentos que depois fornece a instituições de solidariedade que apoiam pessoas carenciadas.

Nos contactos que mantém com estas instituições o Banco alimentar tem tomado conhecimento da degradação das condições de vida de muitas famílias, que levam as crianças a viver em situação de pobreza.

"Muitas crianças apenas se alimentam com o que lhes é servido nas instituições de solidariedade social, nem sequer tomam pequeno almoço em casa", disse, referindo o caso de uma instituição que pesou as suas crianças antes e depois de elas irem de férias e verificou que elas regressaram mais magras porque não se alimentaram em condições.

Portugal é um dos oito países da União Europeia (UE) onde se registam os níveis mais elevados de pobreza nas crianças, nomeadamente nas que vivem com adultos empregados, segundo um relatório da Comissão Europeia, a que a Lusa teve acesso.

De acordo com o relatório conjunto sobre a protecção social e inclusão social, que vai ser apresentado segunda-feira e deverá ser adoptado no dia 29 pelo Conselho de Ministros do Emprego e Segurança Social, em Portugal há mais de 20 por cento de crianças (uma em cada cinco) expostas ao risco de pobreza.

O risco abrange tanto crianças que vivem com adultos desempregados como as que vivem em lares onde não há desemprego.

Isabel Jonet reconhece que esta situação se tem vindo a agravar sobretudo nas famílias desestruturadas e monoparentais, cujo número também tem vindo a aumentar, que não têm rendimentos suficientes para assegurar as despesas básicas.

Relativamente à pobreza das crianças, Portugal está em penúltimo lugar e é apenas ultrapassado pela Polónia - ambos com mais de 20 por cento de risco de exposição à pobreza - de uma tabela liderada pela Finlândia e Suécia, com sete por cento de risco.

O grupo de países onde se registam níveis relativamente altos de pobreza nas crianças, extremamente elevados em trabalhadores e uma fraca assistência social, inclui Espanha, Grécia, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Polónia e Portugal.

O relatório exclui a Bulgária e a Roménia, os últimos a aderir à União Europeia.

RRA/IG.

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