26.2.08

População mais envelhecida e com maiores desigualdades

in TSF Online

A população de Lisboa está cada vez mais envelhecida e apresenta maiores desigualdades, sendo Marvila e Castelo as freguesias com mais problemas, segundo um relatório que será apresentado esta terça-feira na capital portuguesa.

O primeiro relatório do Observatório da Luta Contra a Pobreza na Cidade de Lisboa, que vai ser apresentado esta terça-feira na capital, revela que a população da cidade está cada vez mais envelhecida e apresenta maiores desigualdades.

Segundo o documento, apesar de mais de 10 por cento do poder de compra nacional estar concentrado em Lisboa, o contraste entre situações de forte riqueza e de extrema pobreza é cada vez mais acentuado.

O relatório denuncia sobretudo a pobreza, o desemprego, o analfabetismo e o envelhecimento da cidade, exemplificando que já em 2001 um em cada quatro lisboetas tinha 65 anos ou mais e 15 por cento das casas estavam sobrelotadas.

Há dois anos, beneficiavam do rendimento social de inserção mais de 11 mil pessoas, metade das quais mulheres, seguindo-se as crianças e os jovens.

O observatório descreve ainda como «muito reduzido» o número de equipamentos sociais existentes em 2005, ano em que 15 por cento dos residentes em Lisboa eram reformados por invalidez.

Entre os locais com mais vulnerabilidade à pobreza, o relatório destaca Marvila, que há sete anos era a freguesia de Lisboa com mais beneficiários do subsídio de desemprego, cerca de 10 por cento da população, e 10 por cento dos seus habitantes eram analfabetos.

A par de Marvila, o observatório destaca a freguesia do Castelo, que, apesar de reunir menos habitantes, apresenta um baixo nível de escolaridade, sobrelotação das casas e falta de infra-estruturas básicas.

O documento aponta os bairros históricos, o centro da cidade e a sua periferia como as zonas mais problemáticas de Lisboa e assinala que os mais velhos, as famílias desestruturadas, as pessoas menos qualificadas e as mais endividadas estão entre as que empobrecem mais facilmente.

De acordo com os Censos 2001, a idade média no concelho de Lisboa era de 44 anos, sendo que cerca de 24 por cento da população tinha 65 anos ou mais, enquanto dados mais recentes indicam que moravam na área metropolitana de Lisboa mais de 500 mil reformados, o que representa cerca de 30 por cento dos reformados de todo o país.

Ouvido pela TSF, o presidente da Rede Europeia Anti Pobreza (REAPN) frisou que «a cultura, a falta de qualificação e de proximidade, que a leva à inclusão na sociedade», estão na base de «graves exclusões e de zonas onde as pessoas vivem fechadas em guetos».

«Não é uma situação irresolúvel, mas agora devíamos estar todos atentos para trabalhar em convergência», adiantou Jardim Moreira acrescentando acreditar que até ao final de 2008 seja possível desenvolver medidas para contrariar a situação.