19.2.08

Um português que se reforme pode esperar viver mais 18 anos

Ivete Carneiro, in Jornal de Notícias

Homens têm uma esperança de vida menor do que a das mulheres


Os portugueses que atingiram a idade da reforma em 2006 sabem que poderão viver, em média, mais 17,89 anos. Se for homem, essa esperança de vida desce quase dois anos, para 15,97, enquanto que, se for mulher, o gozo do descanso após décadas de trabalho sobe para 19,37 anos.

São dados contabilísticos, gerais, que resultam dos últimos cálculos do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre a mortalidade. Cálculos que mereceram uma revisão na sua fórmula e permitem hoje saber quanto tempo pode esperar viver uma pessoa com, digamos, 97 anos. Até agora, as contas eram feitas por grupos etários quinquenais, que terminavam nos "85 e mais anos". A evolução da demografia - sobretudo no que diz respeito ao aumento da longevidade - obrigou a repensar as fórmulas, até para calcular mais assertivamente a esperança de vida oficial. Já agora aos 97 anos, em média, poderá viver-se mais 1,54 anos.

Voltando à esperança de vida, e com base na "Tábua completa de mortalidade para Portugal 2004-2006", sabe-se que o cidadão português vive, em média, até aos 78,17 anos. E que, aos cem anos, ainda pode esperar andar por cá 1,16 anos. No caso dos homens, a esperança de vida é de 74,84 anos, no das mulheres anda pelos 81,30.

As novas tabelas deixam ainda perceber a idade em que morrem mais portugueses. Entre os 84 e os 88 anos, calculam-se mais de quatro mil óbitos para cada ano de idade. De ressalvar 90 óbitos aos cem anos e 178 aos 99. Aos zero anos, as tábuas chegam a um valor de 368 óbitos em cem mil habitantes, ou seja, uma mortalidade de 3,68% nos primeiros doze meses de vida.

Repartindo por sexos, descobre-se ainda que os anos de maior mortalidade nos homens são mais alargados e sem picos acima dos quatro mil. Aos 70 anos, ultrapassam-se os três mil óbitos, aos 84 e 85 as mortes são muito próximas de quatro mil. Em cem mil indivíduos, só 39 homens podem contar chegar aos cem anos, 24 dos quais não sobreviverão depois.

Já entre as senhoras, que vivem mais tempo, os três mil óbitos são atingidos entre os 79 e os 80 anos, subindo acima dos quatro mil a partir dos 83 anos e passando dos 5100 aos 86, 87 e 88 anos. Quanto a morrer aos cem anos, calcula-se que aconteça a 134 mulheres em cem mil, sendo que a essa idade chegam 236.

A abertura das tábuas de mortalidade até aos cem anos permite, assim, oferecer uma visão mais correcta da esperança de vida dos portugueses, uma vez que, como explica um documento do INE, abrange idades "às quais um número crescente de pessoas sobrevive e nas quais se verifica maior concentração de óbitos".

Por curiosidade, acrescente-se que, segundo as novas contas do INE, a esperança de vida aos 30 é de 49 anos. Desce para 39,7 aos 40 anos e para 30,6 aos 50 anos.