11.3.08

CGTP quer debater crise social com Sócrates

Eva Cabral, in Diário de Notícias

Conflitualidade social fica para outro encontro entre CGTP e José Sócrates
A crescente conflitualidade social e o diagnóstico - já feito no último congresso da CGTP - de que existem "preocupantes sinais de degradação da vida social portuguesa " levaram a central sindical a pedir uma reunião urgente ao primeiro-ministro.

Com a situação interna marcada por sinais de um evidente crescendo de conflitualidade social e laboral, Carvalho da Silva chefiou ontem uma delegação da CGTP - que integrava Arménio Carlos e Carlos Trindade - que foi a S. Bento ser ouvida no âmbito da preparação do próximo Conselho Europeu, numa altura em que a União Europeia quer rever a Estratégia de Lisboa .

À saída, o secretário-geral da CGTP frisou que "a União Europeia não está a seguir o caminho do refor-ço da coesão social", acrescentan- do que a nível dos 27 aumenta uma política de "endeusamento do combate ao défice público, mesmo com sacrifício da economia real".

Para 5 de Abril, altura em que os titulares das Finanças de todos os 27 países da UE se reúnem no Ecofin , está marcada uma nova manifestação dos sindicatos europeus.

Desta feita, os olhos estarão postos na Eslovénia, país que sucedeu a Portugal na presidência rotativa da UE, mas o certo é que as imagens da manifestação de Lisboa elevaram a fasquia aos sindicatos da UE. Foi, aliás, essa manifestação, que trouxe para a rua cerca de 200 mil pessoas, que foi em si mesma o arranque do clima de conflitualidade social que teve o seu mais recente episódio na manifestação de 100 mil professores que no passado sábado encheram Lisboa.

Sobre a hipótese do executivo vir a cortar impostos, Carvalho da Silva deixou a mensagem clara de que "se trata de uma matéria que é sempre aflorada à medida que se aproximam as eleições".

O líder da CGTP lembrou que o verdadeiro problema existe "em torno dos que não querem contribuir para o Orçamento do Estado " numa alusão concreta a que o esforço fiscal é mal distribuído.

Questionado sobre se a recente manifestação de professores poderia obrigar a relançar o diálogo entre sindicatos e Ministério, Carvalho da Silva deixou claro que "não é por se fazerem reajustamentos nos discursos que se vão concretizar efectivas alterações de políticas".

Também João Proença, líder da UGT, abordou a questão dos professores à saída da reunião com o primeiro-ministro, fazendo um apelo para que se verifique "um retomar do diálogo entre o Ministério da Educação e os sindicatos do sector".

A existência de uma "negociação séria na Função Pública" foi outra das reivindicações deixadas por João Proença que lembrou a situação dos funcionários públicos em regime de mobilidade "sem saberem o que lhes vai acontecer", o que faz com que se sintam "num verdadeiro quadro de excedentários".

O líder da UGT defendeu, ainda, a necessária clarificação do contrato individual de serviço público.