22.4.08

Número de famílias portuguesas que pediram ajuda alimentar à AMI mais do que duplicou num ano

Andreia Sanches, in Jornal Público

Desemprego, monoparentalidade e violência doméstica explicarão o facto de haver cada vez mais mulheres pobres a procurar ajuda


Mais de cinco mil famílias (5524), das quais faziam parte 16.531 pessoas, receberam, no ano passado, ajuda alimentar fornecida pela AMI - Assistência Médica Internacional. É mais do dobro dos agregados apoiados no ano anterior (2434). E o triplo das pessoas, revela, em comunicado, esta organização não governamental. O apoio foi prestado no âmbito do Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados.

De acordo com os números ontem divulgados, a AMI distribuiu 488 toneladas de alimentos em 2007 ao abrigo deste programa. Na prática, isto significa que forneceu menos alimentos (em 2006 tinham sido 530 toneladas) a muito mais pessoas. "Houve um grande aumento da procura, mas limitações ao nível dos alimentos que tínhamos para distribuir e teve que haver um racionamento", diz Paulo Cavaleiro, assessor de imprensa da associação.

No total, frequentaram os equipamentos de oito Centros Porta Amiga do país 7386 pessoas - mais 11 por cento do que em 2006. Trata-se, de acordo com a organização, de uma população maioritariamente portuguesa (79 por cento) que reside, em metade dos casos, na área geográfica da Grande Lisboa. Dos utentes sem-abrigo, 24 por cento são mulheres - mais 11 pontos percentuais do que em 1999. Os números não incluem dois abrigos nocturnos e um centro social que só abriram no final do ano.
Os Centros Porta Amiga "prestam serviços que visam satisfazer as necessidades básicas dos indivíduos e desenvolver a sua autonomia". O apoio social na procura de um novo projecto de vida, o apoio em géneros alimentares e o acesso ao refeitório são os mais solicitados.

Em média, aparecem nestes centros cerca de "2800 novos casos" de pobreza por ano. E as mulheres "são cada vez mais afectadas", nota ainda a AMI: representam 53 por cento das pessoas que procuram apoio. "O desemprego, a monoparentalidade e a violência doméstica poderão estar na origem deste fenómeno."

Os principais motivos referidos por quem procura a AMI "estão relacionados com a precariedade financeira (87 por cento) e o desemprego (40 por cento)".

2800
Nos Centros Porta Amiga da Assistência Médica Internacional aparecem, por ano, cerca de 2800 novos casos de pobreza. Os utentes procuram sobretudo apoio social para iniciar um novo projecto de vida e géneros alimentares.