23.5.08

Governo contraria Eurostat e aponta pobreza e desigualdades sociais como prioridades na agenda do Executivo

in RTP

O ministro da Presidência afirmou hoje que a pobreza e as desigualdades sociais são matérias prioritárias na agenda social do Governo, mas contrariou os números divulgados pelo Eurostat que aponta Portugal como um dos países mais pobres da União Europeia.

"Com certeza que a situação da pobreza e das desigualdades sociais preocupam o Governo e a agenda social do Governo é dirigida a combater os problemas que temos de pobreza e de desigualdades sociais", afirmou Pedro Silva Pereira, em conferência de imprensa do Conselho de Ministros.

No entanto, o governante alertou para a necessidade de rigor na avaliação da situação.

"Precisamos de ser rigorosos quando avaliamos a situação e, como entretanto foi esclarecido, os dados divulgados referem-se a 2004 e não deixa de ser curioso que esse facto tenha passado despercebido nas primeiras notícias que vieram a público e que tenha sido o Governo a dar essa informação", disse.

Com base em números avançados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), Pedro Silva Pereira contrariou os dados divulgados pelo Eurostat que apontava Portugal como o país com mais desigualdades na distribuição de rendimentos entre os 25 e o único que apresentava um desnível entre pobres e ricos superior ao dos Estados Unidos.

O mesmo relatório referia ainda que em Portugal há, neste momento, 957 mil pessoas a viverem com menos de 10 euros por dia.

De acordo com os últimos dados do INE "a taxa de pobreza em Portugal está a diminuir, não a aumentar, os dados sobre as desigualdades sociais também estão a diminuir, não a aumentar e dizem que o risco de pobreza reduziu todos os anos desde 2004 a 2006, primeiro de 20 por cento, depois para 19 por cento e agora para 18 por cento", explicou o ministro, acrescentando que "o último dado diz que o risco de pobreza em Portugal se situa nos 18 por cento".

Recorrendo aos números Pedro Silva Pereira salientou que "a média na UE a 15 indica que houve uma evolução desta taxa de risco de pobreza entre 1995 e 2006 de 17 para 16 por cento, sendo que, no mesmo período, Portugal diminuiu a sua taxa de pobreza de 23 para 18 por cento".

Relativamente às desigualdades, "em 2004 estava em 6,9 por cento, que se manteve em 2005, baixando para 6,8 por cento em 2006".

"Não há nehuma razão para que as pessoas sejam enganadas pelas informações públicas, porque os dados oficiais são estes e apontam para uma redução da taxa de pobreza e de desigualdades", reiterou o ministro.

"Tratando-se de dados de 2004 é pelo menos estranho ter ouvido comentar ainda hoje o ministro das Finanças da época, Bagão Félix que era justamente responsável pela situação em 2004, se tenha permitido fazer várias considerações, tudo menos explicar porque é que esta situação se verificava ao tempo da sua responsabilidade no Governo", concluiu.