29.5.08

PALOP afectados pela crise alimentar

in Jornal de Notícias

Os países africanos de expressão portuguesa e Timor-Leste estarão entre os que mais vão sofrer com a subida do preço dos alimentos, na próxima década, acreditam a Organização Mundial para a Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

No estudo "Perspectivas para a Agricultura 2008-2017", que será relevado em detalhe hoje, as organizações prevêem um aumento gradual no preço dos bens alimentares até 2017, que afectarão em particular os países dependentes da importação de alimentos e demasiado pobres para terem dinheiro suficiente para fazer face à despesa.

"A FAO e a OCDE calculam que estes países cheguem a gastar 50% dos seus recursos a importar alimentos", disse à agência Lusa fonte da OCDE, referindo-se aos países mais pobres do Mundo. Já este ano, a despesa dos países menos desenvolvidos com a importação de alimentos deverá aumentar 40% em comparação com 2007. Em todo o Mundo, o comércio de bens alimentares deverá ultrapassar os 634 mil milhões.

"O aumento do preço dos bens alimentares será, assim, um obstáculo significativo ao desenvolvimento desses países", acrescentou a mesma fonte. É mesmo possível, diz o estudo, que apareçam novas situações de fome nos países mais pobres.

Os mais vulneráveis serão os habitantes das cidades que não produzam eles próprios alimentos, adiantou ainda o documento.

É assim que as duas organizações apelam aos países desenvolvidos que forneçam ajuda humanitária "urgente" aos menos desenvolvidos, com défice alimentar. O estudo põe a tónica, também, na necessidade de de-senvolver as infra-estruturas agrárias, educação e formação.

Antecipando a conferência sobre segurança alimentar, a decorrer em Roma, de 3 a 5 de Junho, o director-geral da FAO, Jacques Diouf, veio a público apelar aos países mais ricos. "A comunidade internacional deve tomar medidas urgentes e concretas para enfrentar os problemas da fome e da subnutrição numa altura de subida dos preços dos alimentos, escassez de terras e água, alterações climáticas, aumento das necessidades energéticas e crescimento populacional", disse, citado pelo "negócios on-line".