25.6.08

Menos consumidores de drogas em Portugal

Sérgio Duarte, com Lusa, in Jornal de Notícias

A percentagem de consumidores de drogas nas prisões e no país em geral diminuiu nos últimos anos. Mas em cada três reclusos, dois estão na cadeia por crimes relacionados com drogas. São conclusões de dois estudos divulgados esta terça-feira.

Um estudo elaborado pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) concluiu que, de 2001 para 2007, diminuiu a percentagem dos reclusos que já consumiram qualquer tipo de droga na prisão.

No ano passado, 29% de reclusos dos estabelecimentos prisionais portugueses consumiram cannabis. Em 2001, tinham sido 39%. Também o consumo de heroína (menos 14%), cocaína, anfetaminas e ecstasy sofreu um decréscimo de consumidores nas prisões.

O estudo, coordenado por Anália Torres, notou também uma "ligeira diminuição" na percentagem de reclusos que alguma vez consumiram drogas durante toda a vida. Em 2007 eram 64%, menos dois por cento do que seis anos antes.

No entanto, os investigadores sublinham que os valores "continuam bastantes superiores aos da população geral". A droga continua também a ser a principal causa de prisão em Portugal. Apesar da descida em relação a 2001, no ano passado 67% dos reclusos tinham sido condenados por crimes directa ou indirectamente relacionados com estupefacientes.

A descida de consumo parece ter acompanhado a tendência no resto da sociedade. Um estudo coordenado por Jorge Negreiros, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação do Porto, refere que na sociedade em geral se passou de um intervalo de 48.673-73.010 consumidores, em 2000, para um de 44.653-53.240, em 2005.

O estudo, também divulgado na véspera do Dia Internacional de Luta Contra a Droga, mostra ainda uma diminuição de consumidores que injectaram drogas nesses cinco anos, com os dados mais recentes a indicarem que serão entre 11 mil e 22 mil.

Para Jorge Negreiros, sendo este sub-grupo o mais problemático, a diminuição do consumo mostra uma melhoria a nível da saúde dos próprios e de terceiros. Contudo, referiu que o consumo de droga é uma realidade dinâmica e podem "surgir novos padrões" que obriguem a "reequacionar definições".

O presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT), João Goulão, mostrou-se satisfeito pela política de intervenção que tem sido levada a cabo. Mas afirmou que não se pode "embandeirar em arco", porque são múltiplos os factores que justificam a descida de consumo.