28.6.08

Pobreza: Primeiro-ministro conversou com Cardeal-Patriarca

in Correio da Manhã

Sócrates precisa da ajuda da Igreja


O Governo precisa do contributo que a Igreja presta no sector social. A garantia foi dada pelo próprio primeiro-ministro, José Sócrates, ao cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, que ontem reconheceu a crise económica e social que Portugal atravessa, mas recusou "alarmismos".

'Não tenho nenhum dado que me leve a crer que os Governos da nossa Nação não tenham em consideração o contributo real que a Igreja presta no sector social. O próprio primeiro--ministro ainda há pouco me repetiu que precisam de nós', afirmou D. José Policarpo em entrevista à Lusa.

O último encontro entre o cardeal-patriarca de Lisboa e o chefe do Governo aconteceu na passada segunda-feira, no III Colóquio Internacional sobre ‘O Contributo das Religiões para a Paz’, em que José Sócrates realçou 'um Estado neutro perante todas as religiões', mas acrescentou que a 'neutralidade não significa o não-reconhecimento do valor ético de todas elas'.

Contactado pelo CM, o gabinete do primeiro-ministro esclareceu que o 'Governo sempre reconheceu a importância das instituições, entre elas a Igreja, no apoio social, como as IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social)'.

D. José Policarpo admitiu, porém, a existência de algumas vozes na sociedade portuguesa que defendem que a Igreja deveria estar mais afastada do apoio social. 'Não creio que haja razões para dizer que o Estado não quer. O que eu sinto é essa ideia de que a sociedade secularizada deve ser capaz de substituir a Igreja', sublinhou o eclesiástico. E defendeu: 'Nem os crentes nem a sociedade devem menosprezar a importância do ideal cristão de ajudar os pobres.'

O cardeal-patriarca de Lisboa reconheceu ainda a existência de uma crise em Portugal, mas alertou para a necessidade de se fazer um esforço para não criar 'alarmismos'. 'Estou a fazer um esforço para não criar alarmismos fáceis. Não é a primeira vez que há crises, a Humanidade tem mostrado que as crises se podem superar', afirmou.