23.7.08

Câmara de Loures nega responsabilidade na expulsão dos ciganos

in Jornal de Notícias

O presidente da Câmara Municipal de Loures, Carlos Teixeira, negou ter sido responsável pela operação da PSP que esta manhã retirou as famílias ciganas da Quinta da Fonte do jardim junto à autarquia onde estavam acampadas.

Em declarações à agência Lusa, Carlos Teixeira explicou que "cada um tem a sua competência e tratando-se de uma questão de segurança cabia à PSP lidar com o assunto".

Cerca de 50 famílias ciganas tinham decidido acampar no jardim em frente à Câmara de Loures, recusando regressar à Quinta da Fonte, onde residem, e exigindo a atribuição de casas noutro local, alegando não terem condições de segurança após os confrontos violentos da semana passada entre as comunidades africana e cigana que vivem no bairro.

"A PSP fez aquilo que tinha de fazer, uma vez que se tratava de uma concentração ilegal. Os ciganos estavam a ocupar um espaço público impossibilitando a população de usufruir do jardim", disse hoje Carlos Teixeira.

Quanto à eventualidade da comunidade cigana convocar uma concentração nacional para Loures, Carlos Teixeira respondeu que ficará "satisfeito se esta for com o objectivo de pagar as rendas em atraso ou para se inscreverem num centro de emprego".

"Eles têm dívidas de água no valor de 145 mil euros e vão ter de as pagar", garantiu. "Sempre defendi os interesses de todos, todos têm direitos e deveres e têm de respeitar a Constituição", disse.

O autarca socialista adiantou ainda que a população de Loures não estava a gostar da presença das famílias ciganas no jardim e acusou alguns elementos desta comunidade de vandalizarem o monumento que ali se encontra, em memória dos combatentes da I Guerra Mundial.

"Recebemos centenas de e-mail e fax a apoiar a decisão da câmara municipal" de não ceder às reivindicações das famílias no sentido de as realojar num novo bairro.

O autarca disse ainda estar convicto que as famílias podem regressar em segurança à Quinta da Fonte, sustentando esta certeza "nos sinais claros de incentivo expressos pela marcha da Paz", que juntou na segunda-feira cerca de duas centenas de pessoas nas ruas da Apelação.

As famílias ciganas que se encontravam acampadas no jardim fronteiro à Câmara Municipal de Loures retiraram-se ao fim da madrugada de hoje, na sequência de uma operação policial, sem incidentes, anunciou hoje de manhã o comissário Resende da PSP de Loures.

Depois de terem abandonado o jardim, as famílias foram escoltados pela polícia até à Apelação, onde fica a Quinta da Fonte, mas recusaram permanecer no bairro, contou à Lusa Sérgio Fernandes, um elemento da comunidade cigana, estando agora junto à ponte de Frielas.

A operação iniciou-se cerca das 6.15 horas e "decorreu sem incidentes", tendo as autoridades comunicado às 53 famílias ciganas acampadas no jardim que teriam de sair do local, pois a atitude configurava "uma manifestação ilegal", referiu o comissário Resende.