4.8.08

Novos hábitos de higiene e alimentares

in Jornal Público

Quando as crianças ciganas entraram pela primeira vez no refeitório da unidade militar para almoçar, a sua reacção deixou perplexos professoras e militares. Não comiam porque tinham "rascunho" (nojo) da sopa. Não estavam habituados a comê-la. Mais complicado foi saber que não eram capazes de utilizar o talher e muitos levantavam-se da mesa para se sentarem na soleira da porta que dá acesso ao refeitório. A hora da refeição "é para eles um horror", mas o lanche não representa qualquer problema, observa Emília Cabrita.

No seio familiar repetem refeições de arroz com funcho e consomem muito tomate. Detestam hambúrgueres e esparguete à bolonhesa, mas quando os professores levaram um grupo de crianças ao McDonald's "ficaram delirantes" e encantados. Gostam de fruta, principalmente de morangos.

A árvore mais representada nos seus escritos e desenhos é a oliveira. Decorrido o inevitável período de tempo de adaptação, os "ciganitos" acabam por ter comportamentos alimentares e de higiene mais de acordo com os hábitos comuns da comunidade não-cigana. "É tudo uma questão de método e de disciplina e de respeito pela sua cultura", acentua o coronel Fernando Figueiredo. Deixou de haver faltas às aulas. Entram às 9h00 no quartel, de onde só saem às 17h00.

"Estamos perante um exemplo concreto do que se pode fazer quando se congregam as vontades entre várias entidades", remata o director regional José Verdasca. C.D.