17.9.08

Europa busca respostas para seus ciganos, em dramática situação de exclusão

in APF

A União Européia (UE) debateu nesta terça-feira, em Bruxelas, a dramática situação de sua comunidade cigana, alvo de discriminação e de uma exclusão cada vez maior.

Autoridade européias, membros da sociedade civil e representantes da comunidade cigana participaram do encontro, no qual esteve presente o empresário de origem húngara George Soros.

"A situação dramática dos ciganos não pode ser solucionada de Bruxelas. Os instrumentos para criar esta mudança estão nas mãos dos Estados membros. As políticas para a integração dos ciganos são de competência dos Estados membros", disse em sua intervenção o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso.

Vários representantes da comunidade cigana ficaram em pé durante seu discurso e distribuíram camisetas denunciando a "censo étnico" promovida pelo governo do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, e que tem sido validado pela Comissão Européia.

"Vocês denunciam a discriminação étnica. A Comissão está completamente nesta linha. Rejeitamoss qualquer tipo de discriminação e toda perseguição", defendeu-se Durão Barroso.

Em defesa dos ciganos, o empresário George Soros considerou a "censo étnico" ilegal.

"Estou seriamente preocupado com o censo dos ciganos na Itália. Temo que isto se torne uma norma de fato na UE. O censo (cadastro ou registro digital) étnico deve ser ilegal e espero que a Corte Européia de Justiça determine isto", afirmou, recebendo os aplausos dos participantes.

Segundo estudo divulgado em julho por Bruxelas, milhões de ciganos continuam sendo as principais vítimas da discriminação na Europa.

Alto desemprego, expectativa de vida inferior em 10 ou 15 anos à da maioria das populações européias e muita pobreza caracterizam esta comunidade, cuja dimensão exata é desconhecida pela proibição na maioria dos países da UE de elaborar estatísticas baseadas na origem étnica.