31.10.08

Clima económico e confiança das famílias portuguesas atingem mínimos históricos

in Jornal Público

O clima económico em Portugal continua em movimento descendente, registando mínimos ao nível de 2003. Em Outubro, o indicador situou-se nos -0,3 pontos, valor comparável com os 1,3 alcançados há um ano. A confiança das famílias também se mantém em queda, depois da recuperação nos últimos dois meses.

Segundo o INE, o indicador de clima económico, que mede as expectativas nos sectores da indústria, comércio a retalho, serviços e construção, reforçou a tendência negativa dos quatro meses antecedentes. Todos os sectores contribuíram para este comportamento, embora seja na indústria e nos serviços que se verifica "um andamento negativo especialmente intenso".

No que diz respeito ao sector industrial, a confiança diminuiu fortemente entre Setembro e Outubro, passando de -12 para -23,7 pontos. Já os serviços caíram para os -6,3 pontos , quando, em Outubro de 2007, o indicador se situava nos oito pontos.
A confiança das famílias portuguesas também voltou a cair, atingindo o mínimo histórico da série iniciada em Junho de 1986. Depois de ter recuperado nos últimos dois meses, o indicador situa-se, agora, nos 48,1 pontos, valor igual ao registado no passado mês de Julho.

De acordo com os dados do Inquérito às Empresas e aos Consumidores, a diminuição da confiança pode reflectir a actual crise que se vive nos mercados financeiros e resultou do "comportamento negativo das perspectivas de desemprego". As restantes componentes recuperaram, embora de uma forma ligeira, como é o caso das expectativas referentes à evolução da poupança, que registaram "um ténue movimento ascendente" nos últimos quatro meses, acrescenta o INE.

Em Outubro de 2006, a confiança das famílias situava-se nos -31,4 pontos. O indicador tem vindo a descer sucessivamente desde então, apesar de registar algumas recuperações ocasionais, como aconteceu em Agosto e Setembro últimos.
O Índice de Produção Industrial, corrigido dos dias úteis e da sazonalidade, também desceu. Em Setembro, ficou 4,3 por cento abaixo dos valores alcançados em período homólogo de 2007.

Segundo o INE, a queda foi influenciada pelo "comportamento negativo" dos agrupamentos de bens de consumo e de energia, que diminuíram 6,9 e 4,7 por cento, respectivamente. Em comparação com o mês anterior, a produção industrial desceu 2,9 por cento, valor inferior em 3,4 pontos percentuais face ao resultado observado em Agosto. R.A.C.