18.12.08

Desigualdades salariais agravaram-se

Andreia Sanches, in Jornal Público

A desigualdade salarial aumentou. E "é um dos principais motores" da assimetria de rendimentos que existe em Portugal, segundo o economista Carlos Farinha Rodrigues, que analisou os quadros de pessoal das empresas portuguesas. Em 2005, os 20 por cento de trabalhadores com maiores ordenados auferiram 45 por cento de toda a massa salarial.

Esta é apenas "uma primeira análise" dos quadros de pessoal publicados entre 1985 e 2005 (que excluem os trabalhadores da função pública); foi ontem divulgada na apresentação do Observatório das Desigualdades - uma nova instituição científica constituída por investigadores do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, da Universidade do Porto e da Universidade dos Açores.

Apoiado pela Presidência do Conselho de Ministros e pelos ministérios do Trabalho e da Educação, o observatório (observatorio-das-desigualdades.cies.iscte.pt) recolherá indicadores de diversas fontes e promoverá o conhecimento científico na área.
Farinha Rodrigues, do Instituto Superior de Economia e Gestão, deu o pontapé de saída naquele que foi o primeiro debate organizado pela estrutura.

O seu estudo sobre desigualdade salarial mostra que não são os pobres que estão mais pobres, "mas os ricos que estão mais ricos", ou seja, "são os salários mais altos que estão a provocar o desequilíbrio".

Em 1985, os 20 por cento de trabalhadores que mais ganhavam auferiam 38,6 por cento da massa salarial; 20 anos depois o bolo que levavam para casa correspondia já a 45,2 por cento do ganho total. Em relação ao grupo dos trabalhadores mais mal remunerados, a proporção da massa salarial que lhes cabe tem-se mantido relativamente estável.

45% da massa salarial no sector privado em 2005 foi auferida por não mais de
20 por cento dos trabalhadores