15.12.08

Europa quer mais jovens a estudar no estrangeiro

Eduarda Ferreira, in Jornal de Notícias

Programa Erasmus terá maior apoio financeiro e sofrerá ajustes para facilitar mais mobilidade


Ainda são complexos os circuitos que permitem a um estudante universitário fazer pelo menos parte do curso noutro país através do Programa Erasmus. A Comissão Europeia admite isso e quer melhorar também as verbas para tal mobilidade.

A Comissão Europeia desvaloriza críticas a um eventual elitismo do Erasmus, mas reconhece que este programa destinado aos estudantes do ensino universitário precisa de alguns ajustes ao fim de 20 anos de existência . Isso mesmo foi afirmado num seminário que reuniu em Paris jornalistas dos 27 países-membro. Odille Quintin, directora-geral da Direcção-geral da Educação e Cultura da Comissão Europeia disse que esta vertente da mobilidade na aprendizagem tem de ser simplificada nos procedimentos e reconheceu que as verbas terão que ser mais confortáveis. Além disso, a divulgação do Erasmus vai ser uma aposta nos próximos tempos, que contarão também com um Livro Verde sobre a Mobilidade dos Jovens, antes do Verão de 2009. De igual modo, para que o processo de escolha das universidades estrangeiras seja claro para os estudantes, a Comissão vai também lançar um concurso para a avaliação e classificação de todos os estabelecimentos envolvidos.

Apenas 3% dos jovens europeus passaram até agora pela experiência de ir estudar noutro país. A Europa quer alargar significativamente esta percentagem, abarcando também um número expressivo de professores e formadores. O próximo Conselho Europeu vai incluir este ponto na sua agenda.

A chamada "geração da mobilidade" tem, até agora, mostrado maior apetência pela escolha de cursos no estrangeiro ligados à Gestão (22,5%) e às Engenharias (15,07%. Seguem-se as Ciências Sociais e as Línguas. De acordo com o último estudo da Rede de Estudantes Erasmus, a média de permanência no estrangeiro é de sete a nove meses (dois semestres). Metade desses alunos desloca-se mediante acordo bilateral entre a universidade a que pertence e a que deseja frequentar. Curiosamente, a origem maioritária destes jovens é a de uma pequena cidade, sendo os rendimentos familiares médios. A Alemanha, Espanha e França são os países que mais alunos recebem neste regime.

Na maioria, os estudantes Erasmus procuram uma experiência diferente e também a aprendizagem ou aperfeiçoamento do idioma do país de acolhimento. No inquérito mais recente da Rede de Estudantes Erasmus, a satisfação com o programa referia nos primeiros lugares o ambiente, a vida social e o contacto com a cultura. "O principal não é o curso", comenta Ewa Krzaklewska, da Universidade de Cracóvia, ao analisar os resultados. "O fundamental está no processo de descoberta dos outros e de si mesmo", acrescenta.

Na perspectiva de Filip Van Depoele, da Direcção-geral de Educação e Cultura da Comissão Europeia, a mobilidade Erasmus deve ser entendida "como parte da educação universitária e não deve constituir excepção para uns poucos". Por parte de empregadores, a observação sobre os efeitos deste mergulho noutro ambiente de aprendizagem leva à constatação de maiores capacidades de inovação e relacionamento nas equipas de trabalho.

As universidades portuguesas estão a fazer o seu trabalho para atrair estudantes estrangeiros. Na recente Feira Nacional da Educação de França, relaizada há uma semana, as que tinham maior visibilidade na divulgação (feita á base de prospectos) eram as do Porto, Aveiro, Minho, bem como a Católica e a Universidade Técnica de Lisboa.