30.12.08

Presos vão plantar hortas para famílias carenciadas

Patrícia Jesus, in Diário de Notícias

Solidariedade. Banco Alimentar e serviços prisionais lançam projecto inovador


Os reclusos de cinco prisões portuguesas vão cultivar alimentos para fornecer populações com dificuldade económicas. A iniciativa é da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome, em conjunto com a Direcção Geral de Serviços Prisionais, e deve começar a funcionar já em 2009. O protocolo é assinado hoje, em Setúbal, pelo ministro da Justiça, Alberto Costa.

Estas "Hortas Solidárias", assim se chama o projecto, vão ser plantadas nos terrenos livres dos estabelecimentos prisionais de Santa Cruz do Bispo, Alcoentre, Setúbal, Pinheiro da Cruz e Leiria. Segundo uma nota do Ministério da Justiça, numa primeira fase serão disponibilizados 25 hectares de terreno.

Sob a orientação de um coordenador diferente em cada local, a produção de legumes vai avançar a partir do início de 2009. Os produtos hortícolas cultivados pelos reclusos serão depois entregues aos bancos alimentares mais próximos, nomeadamente do Porto, Lisboa, Setúbal e Leiria-Fátima.

Contrapartidas

A acção tem dois objectivos : por um lado, ajudar as populações mais carenciadas; por outro, permitir que os reclusos desenvolvam uma actividade profissional. Este é um factor que pode influenciar a empregabilidade dos presos depois de cumprida a pena e que pode ser decisivo na reinserção social, explica o comunicado da direcção do Banco Alimentar.

Além disso, dado o âmbito social do projecto, este "visa reforçar os laços de pertença e solidariedade dos reclusos com a sociedade em geral e com as populações mais desfavorecidas em particular".

Ainda no âmbito do protocolo assinado hoje por Alberto Costa, serão desenvolvidas acções junto dos reclusos para aquisição de competências na área da cidadania e da responsabilidade social. As sessões serão dirigidas por voluntários formados pelos Bancos Alimentares.

Nos estabelecimentos prisionais de Setúbal e Pinheiro da Cruz, o projecto tem também o apoio da Caixa de Crédito Agrícola da Costa Azul e da empresa de produtos agrícolas Syngenta. O apoio da instituição bancária traduz-se em comparticipação financeira para o aumento do número de reclusos envolvidos, com o correspondente alargamento de áreas de cultivo a disponibilizar pelos Serviços Prisionais numa segunda fase do projecto.