28.1.09

Desemprego aumenta nos têxteis e diminui no calçado

Helder Robalo, in Diário de Notícias

Crise. Já fecharam sete empresas têxteis em 2009


Os efeitos da recessão mundial estão à vista de todos - só o sector têxtil nacional terá perdido, em 2008, cerca de 12 mil postos de trabalho, garantem as associações patronais. Já o calçado está a resistir à crise e terá fechado o último ano com um ligeiro aumento do número de trabalhadores... apesar dos recentes problemas anunciados na Ecco e na Aerosoles.

Os números não são definitivos, mas, segundo a Lusa, o sector têxtil nacional terá fechado o ano de 2008 com uma perda de cerca de 12 mil postos de trabalho. Ao DN, o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), João Costa, diz que "ainda não é possível avançar com números concretos, mas os dados disponíveis apontam para uma quebra semelhante à de 2007".

Desde início do ano, segundo Domingos Pinto, do sindicato do sector têxtil, "fecharam seis ou sete empresas que davam emprego a 800 pessoas". Segundo este dirigente sindical, "2008 só não foi mais calamitoso porque as empresas fizeram saldos e promoções de 60% a 70% a seguir ao Natal e que estimularam as vendas".

O presidente da ATP, que ontem reuniu com o grupo de trabalho que acompanha o sector na Assembleia da República, recorda que os têxteis, que dão emprego a 170 mil pessoas, "sofrem dos mesmos problemas que o resto das indústrias". "Só que, por vezes, dá-se pouca importância a este sector que, junto com o calçado, tem ajudado a aguentar a economia nacional".

Entre os problemas da indústria está "o euro ainda muito forte face ao dólar, a quebra do consumo e as restrições ao crédito". Por isso, em reunião com o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Carlos Lobo, a ATP alertou para a importância de serem criadas medidas de apoio fiscal, em concreto a suspensão do pagamento do IVA nas importações de matéria-prima. O sector continua a debater-se com a forte concorrência dos mercados asiáticos e, também por isso, a ATP diz que é fulcral um aumento da fiscalização das mercadorias que chegam a Portugal.

Já no calçado, segundo o porta-voz da APICCAPS, Paulo Gonçalves, os dados são animadores. "De Janeiro a Outubro de 2008, o sector registou um aumento das exportações na ordem dos 1060 milhões de euros, mais 3,2%, ", destaca. "No emprego, em 2008 até conseguimos recuperar alguns postos de trabalho", explica, ao mesmo tempo que recorda que, "a meio do ano, houve casos de empresas com problemas de falta de mão-de-obra".

Num sector que emprega perto de 34 mil pessoas em cerca de 1 300 empresas, "o calçado até reforçou a sua importância". Depois de no ano de 2007 ter registado um saldo positivo na balança comercial de 800 milhões de euros, "de Janeiro a Outubro os dados disponíveis apontavam já para um saldo positivo de 760 milhões. "É bem provável que o ano tenha fechado perto dos 900 milhões", adianta o porta-voz da APICCAPS.

Mas numa coisa as duas associações estão de acordo: a crise é de tal forma incerta que "não é possível fazer previsões para 2009".