22.1.09

Empregabilidade chega aos 90% na via profissional

Fátima Mariano e Tiago Rodrigues Alves, in Jornal de Notícias

Público alberga 60% dos cerca de 91 mil inscritos na via vocacional. Oferta e procura triplicaram na última década


O número de cursos e de alunos do ensino profissional mais do que triplicou na última década, muito graças à elevada taxa de empregabilidade (até 90%). Este ano, o Governo vai investir 350 milhões de euros.

Vinte anos depois da publicação do decreto-lei 26/89, que instituiu o ensino profissional em Portugal, o presidente da Associação Nacional das Escolas Profissinais (ANESPO) considera que a via vocacional "cresceu significativamente em termos quantitativos e qualitativos" e deixou para trás a imagem de que se tratava de um ensino de segunda.

Actualmente, há cerca de 91 mil estudantes na via profissional para 96 cursos diferentes. Há dez anos, eram 28 mil. No entanto, com apenas 27,5% dos alunos do secundário na via profissional, ainda estamos longe dos nossos parceiros europeus.

"Os países mais industrializados têm 70% de alunos em cursos de formação profissional. O nosso objectivo a médio prazo é chegar aos 50%", explica José Luís Presa, acrescentando que a ANESPO está em negociações com o Ministério da Educação para criar condições de modo a que o número de alunos nas privadas suba de 30 para 60 mil e os nas públicas atinja os 120 mil até ao ano de 2013.

De acordo com o mesmo responsável, a taxa de empregabilidade dos cursos profissionais vai desde os 75% nos seis meses subsequentes ao final do curso até aos 90% no primeiro ano. E convinha que se formassem ainda mais "para dinamizar o tecido económico e social das empresas que, sem jovens qualificados, não terão grandes possibilidades de afirmação internacional".

Outro factor a salientar, segundo Luís Capucha, presidente da Agência Nacional para a Qualificação (ANQ), é o contributo que a via profissionalizante tem na redução da taxa de abandono escolar. "Nos últimos três anos, graças à via vocacional, o sistema conseguiu reter mais de 20 mil alunos em idade escolar", frisou ontem, em conferência de imprensa. O mesmo responsável adiantou que o Governo continuará a financiar os cursos profissionais, não pondo de lado a hipótese de surgirem novos cursos. O presidente da ANESPO deixou um aviso por causa do rápido crescimento da oferta profissional nas escolas públicas. Em 2004, o público tinha 3600 alunos, actualmente tem 55 mil. "Não basta ter vontade e criar cursos, é preciso ter condições objectivas como instalações, equipamentos, recursos humanos e uma filosofia empresarial, sob pena que o prestígio conquistado pelos cursos profissinais venha a ser posto em causa devido a maus exemplos que possam vir das escolas públicas", advertiu.

Para assinalar, o 20º aniversário da criação do ensino profissional, realiza-se hoje na Universidade Católica do Porto um seminário de balanço. Até à Páscoa, será lançada uma campanha de divulgação do ensino profissional dirigida aos alunos do 9º ano.