23.1.09

Empresas estão em situação de ruptura

Pedro Antunes Pereira, in Jornal de Notícias

O presidente da Associação Industrial do Minho diz que o Governo anda a mentir aos portugueses sobre a actual situação económica do país. Em causa está o não pagamento atempado do IVA e o Quadro de Referência.

Num discurso muito duro, António Marques relembra que a crise portuguesa já tem mais de 14 anos, tempo que leva de divergência em relação à União Europeia. O principal problema está ao nível do pagamento do Estado às empresas: "a primeira medida que o Estado devia tomar era pagar o IVA. Ou Estado paga atempadamente às empresas ou anda a mentir aos portugueses", frisando que "as empresas não querem mais empréstimos".

Para António Marques é "uma vergonha nacional" o estado multar as empresas e pedir juros sempre que se atrasam, quando o Estado deve milhões às empresas. Se o primeiro-ministro não percebe isto tem que mudar de vida". O presidente da AIMinho considera que esta é "uma situação dramática" e vai obrigar ao fecho de mais empresas.

Também em relação aos números do desemprego, António Marques é da opinião que estes devem rondar os 12% na região, ainda este ano. "Isto não tem a ver com partidos políticos. Tem a ver com a falsidade de powerpoints que andam a projectar no país." Mas as críticas estendem-se também aos milhões referentes ao Quadro de Referência Estratégico Nacional: "zero cêntimos é quanto as empresas já receberam. Há projectos apresentados, há projectos aprovados mas ainda não chegou qualquer cêntimo às empresas e quem disser o contrário está a mentir".

A AIMinho é uma das entidades que já se manifestou favorável ao TGV. No entanto, segundo António Marques, está na altura de "dar um passo atrás" nesta matéria porque não há crédito suficiente para fazer grandes obras públicas: "não há dinheiro para o TGV nem para o aeroporto e nós que somos favoráveis ao TGV achamos que está na altura de dar um passo atrás. Não temos dinheiro para financiar as famílias e as empresas e vamos ter para o TGV?"

O investimento público deve ser, por isso, canalizado para obras que "criem riqueza e empresas e não para aquelas onde se vai importar tudo". Os investimentos devem beneficiar as empresas portuguesas o que não é o caso do TGV.