28.1.09

Portugal mantém maior taxa de abandono escolar da União

Isabel Arriaga e Cunha, Bruxelas, in Jornal Público

Portugal continua a ter a taxa mais elevada de abandono escolar de toda a União Europeia (UE). E continua a ter a menor proporção de estudantes que concluem o ensino secundário, uma fragilidade que tenderá a pesar negativamente na actual crise económica.

Estes dados estão patentes num relatório que a Comissão Europeia aprova hoje com um novo balanço dos progressos dos Vinte e Sete face aos objectivos da estratégia de Lisboa para a competitividade e o emprego.

Portugal tinha, em 2007, alguns dos piores indicadores no plano social e do emprego, algo que tem fortes probabilidades de piorar face à deterioração da situação económica e aumento do desemprego previstos para este ano.

Segundo Bruxelas, 36,3 por cento dos portugueses entre os 18 e os 24 anos tinham, em 2007, o seu nível de educação limitado ao ensino secundário inferior (o 9.º ano), um valor só ultrapassado pelos 37,3 por cento registados em Malta. No resto da UE, a taxa de abandono escolar está abaixo dos 20 por cento, descendo mesmo para menos de 15 por cento em dezoito países.

Em paralelo, só 53,4 por cento da população entre os 20 e os 24 anos tinha, igualmente em 2007, o ensino secundário completo, o pior valor da UE. Em 24 estados-membros, pelo menos 70 por cento da população nesta faixa etária tinha terminado o secundário, sendo este valor superior a 80 por cento em 17 países.

A possibilidade de os portugueses em situação de abandono escolar recuperarem algum tipo de qualificação por via da formação profissional não parece muito significativa: apenas 4,4 por cento da população entre os 25 e os 64 anos segue uma actividade de educação ou formação, um dos valores mais baixos da UE, em contraste com os 29,2 por cento da Dinamarca.

Portugal está em contrapartida relativamente bem classificado no número de licenciados em ciências e tecnologia, com uma taxa de 12,6 por cada mil habitantes entre os 20 e os 29 anos. Neste caso, só sete países fazem melhor, com valores entre 15,1 na Suécia e 21,4 na Irlanda.

"A próxima década verá uma procura crescente de mão-de-obra altamente qualificada e adaptável", de tal forma que "a proporção de empregos que vão requerer um elevado nível de realização educacional deverá aumentar de cerca de 25 para mais de 30 por cento", lê-se o relatório da Comissão.

53,4
por cento dos portugueses entre 20 e 24 anos têm o ensino secundário completo, valor mais baixo da UE