25.1.09

Projecto pretende qualificar profissionais e criar emprego

Filomena Naves, in Diário de Notícias

Matérias-primas. Associação Portuguesa de Gemologia quer reforçar laços com PALOP

Formação prevê programas intensivos e cursos de dois anos


As pedras preciosas, diz José Baptista, não são um luxo. "São património, riqueza e arte", sublinha. Oriundo de uma família de ourives que, com ele, já vai na terceira geração, José Marques Baptista quer levar a sua convicção das palavras para o terreno. Para isso formou a Associação Portuguesa de Gemologia e o Instituto Gemológico Português e tem muitos projectos em carteira. Formar profissionais e cooperar com os países africanos de língua oficial portu-guesa (PALOP) estão entre eles. A ideia é criar emprego e contribuir para que os profissionais portugueses nesta área sejam vistos como uma referência.

Formado em Gemologia no Instituto Gemológico Espanhol, em Madrid, especialista em diamantes, corindos (safiras e rubis) e berilos (esmeraldas), este ourives apaixonado pelas pedras preciosas e gemas, como confessa, José Baptista criou a nova associação com o objectivo de formar profissionais de "grande qualidade", aprofundar a ciência da gemologia no País e cooperar com instituições dos PALOP também para formação e prospecção de jazidas. Com isso pretende recolocar o Portugal no panorama internacional nesta área de actividade.

"Um dos nossos objectivos é fazer parcerias e assinar protocolos e convénios com as instituições dos PALOP ligados à prospecção de jazidas de pedras preciosas, para explorar as suas riquezas mineiras e investigar e expor as gemas extraídas dessas minas na nossa sede", explica José Baptista. E sublinha que a ideia é internacionalizar a associação, formando também pessoas nos PALOP em gemologia.

Na formação, José Baptista vai disponibilizar duas modalidades aos futuros alunos. Cursos intensivos, de 32 horas, com uma componente teórica e outra prática, e cursos com a duração de dois anos, tudo com a chancela académica do Instituto Gemalógico Espanhol-Instituto Tecnológico e Geomineiro, em Madrid, onde ele próprio se formou. Na sede da associação, o gemólogo português está a instalar o equipamento (polariscópios, refractómetros e espectroscópios, entre outros) necessário para as aulas práticas. Aí, distinguindo brilhos e propriedades físicas e químicas de cada uma das peças, os alunos aprenderão a observar, a distinguir e a classificar as gemas e pedras preciosas. José Baptista conta também com uma vasta colecção de pedras didácticas, justamente para esse efeito. "Estes cursos serão dirigidos a industriais, mas também a alunos de artes decorativas, geólogos, ourives e a todos os interessados", explicou José Baptista ao DN. "A nossa ideia", sublinhou, "é criar novo emprego, habilitar os nossos alunos para que possam criar pequenas e médias empresas nesta área de actividade."