30.1.09

Triplicaram no Norte as microempresas que querem trabalhar com centros de investigação

Abel Coentrão, in Jornal Público

Concursos para vales destinados a comprar serviços de investigação e inovação garantem 2,1 milhões a 95 empresas do Norte do país


Em tempo de crise, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte deparou-se com uma pequena surpresa ao ver triplicado o número de interessados num pequeno pacote do Programa Operacional da Região Norte que põe em contacto o universo das microempresas e alguns dos melhores centros de investigação do país.

Feita a selecção de 154 candidaturas, 95 firmas, bem mais do dobro do que no ano passado, vão receber um total de 2,1 milhões de euros para poder comprar serviços de Investigação e Desenvolvimento (I&D) ou de inovação a várias instituições do sistema científico nacional, num leque de 116 projectos que abrange áreas como a tecnologia e ciências dos materiais, a engenharia electrotécnica, a automação e controlo e biotecnologia, no caso dos "Vales I&DT", e a qualidade e o desenvolvimento e engenharia de produtos, serviços e processos, no caso dos "Vales Inovação".

Num país em que cientistas e empresas trabalham muito pouco em conjunto, o aumento do interesse das micro e pequenas empresas por este sistema de vales pode bem ser um sinal de mudança. O total de 154 interessados nos dois tipos de serviços fornecidos pelo Programa Operacional da Região Norte acabou por deixar satisfeitos os gestores do bolo regional do Quadro de Referência Estratégico Nacional, que vê garantido um investimento total de 2,9 milhões de euros (2,1 dos quais financiados pelos vales) e abre portas a futuras colaborações entre as instituições colocadas em contacto por esta via.

Na área da I&D, no ano passado a comissão tinha apenas recebido 31 projectos, e só 12 acabaram por ser escolhidos. Nas candidaturas abertas a partir de Setembro de 2008 - já com o ambiente de crise a dominar o clima económico - surgiram 72 candidaturas, das quais 53 receberam parecer elegível.

Representam 1,5 milhões de investimento, sendo que o apoio, no total, chega aos 1,1 milhões, para serviços em várias áreas: a biotecnologia; as ciências da saúde; as tecnologias e ciências dos materiais; a engenharia mecânica; as ciências e tecnologias do mar, do ambiente e dos alimentos; a engenharia electrotécnica, de automação e controlo; as tecnologias de informação e telecomunicações; a engenharia de sistemas; os sistemas energéticos e novas formas de energia; a qualidade e segurança alimentar; a prevenção e redução de riscos e a gestão industrial.

No caso do concurso para a aquisição de serviços de inovação empresarial, a variação de um ano para outro quase chegou aos cem por cento, tendo sido aprovados 63 projectos de empresas e um investimento de 1,4 milhões de euros, para o qual há incentivos de um milhão de euros. As empresas abrangidas compram serviços na área da organização e gestão de Tecnologias de Informação e Comunicação, do desenvolvimento e engenharia de produtos, serviços e processos, da transferência de tecnologia, da propriedade industrial e da criação, moda e design entre outros.