22.2.09

Emigrantes mandam 6,9 milhões de euros por dia

Ana Cristina Pereira, in Jornal Público

Os portugueses residentes no estrangeiro enviaram em 2008 uma média de 6,9 milhões de euros por dia para Portugal - o que perfaz 2558 milhões de euros num ano, menos 30 milhões que em 2007.

A quebra era expectável. E pode acentuar-se, já que em período de crise internacional as remessas tendem a cair.

Entre 1993 e 1996, o dinheiro enviado baixou 15 por cento - de 672 milhões de contos para 572 milhões de contos. Era a fase final da recessão em que a Europa mergulhara (1991-1993). Terminada a crise, a tendência alterou-se - entre 1996 e 2000, as remessas subiram 19 por cento; em 2001 atingiram um recorde de 749 milhões de contos (3737 milhões de euros).

Com a entrada de Portugal na moeda única, em Janeiro de 2002, a maior parte dos portugueses residentes na zona Euro começou a enviar menos dinheiro para Portugal: já não havia vantagens cambiais. Só os radicados na Alemanha e em Espanha contrariavam a inclinação para a queda. Em 2003, encolhiam também as transferências da Venezuela e do Brasil. Na Venezuela, por exemplo, o Presidente Hugo Chávez lançou o controlo de câmbio e restringiu o envio de dinheiro para o exterior. Os valores tornaram a subir em 2004 e 2005, mas recuperaram a tendência de redução em 2005.
Olhando para a estatística do Banco de Portugal, vemos que em 2006 os portugueses residentes no estrangeiro enviaram 2,4 mil milhões de euros para o seu país de origem - menos 30 por cento do que em 1996. Em compensação, o valor das remessas dos imigrantes quadruplicou nesse período.

Dirigentes associativos têm chamado a atenção para o que designam de abandono das comunidades portuguesas. Falam num desligar crescente do país de origem - impulsionado pelo fecho de serviços consulares e pela escassez de ensino da cultura e da língua portuguesa França, Suíça e Espanha contrariam a propensão. Os Estados Unidos registaram uma quebra. O envio de dinheiro para Portugal diminuiu também em países como a Alemanha, Reino Unido, Luxemburgo, Canadá, Venezuela e Brasil.

1780
milhões de euros enviaram em 2008 os portugueses de França. Os da Suíça ficaram em 2.º, com 558 milhões