28.2.09

Famílias com apoio para pagar a renda

Hugo Silva, in Jornal de Notícias

Câmaras de norte a sul do país implementam medidas de apoio social


A Câmara de Matosinhos criou um fundo de um milhão de euros para subsidiar o pagamento das rendas a famílias que se vêem em dificuldades devido à crise. As autarquias multiplicam medidas para tentar ajudar os munícipes.

"O difícil é encontrar quem não esteja a implementar planos contra a crise", diz Fernando Ruas, presidente da Associação Nacional de Municípios, reivindicando que o Governo inclua as autarquias numa estratégia nacional.

Com o agravamento da situação económica, muitas pessoas procuram as câmaras em desespero. Ontem, Matosinhos e Évora juntaram-se ao rol dos municípios com programas específicos para atacar a crise. A sul, foi anunciado um pacote de meio milhão de euros para apoio às famílias mais desfavorecidas do concelho. Em causa estão, entre outras medidas, a redução de 50% das rendas de habitação social e das tarifas da água e o reforço dos apoios sociais aos alunos do Ensino Básico. Foi lançado, também, o cartão solidário municipal, para apoiar os desempregados.

Em Matosinhos, o presidente da Câmara, Guilherme Pinto, apresentou um conjunto mais substantivo de ajudas. Só na área social, prevê-se um esforço financeiro de dois milhões de euros. Metade é para criar um fundo municipal de apoio ao arrendamento. Uma verba para ajudar famílias com casa no mercado privado (não moram em bairros sociais), mas que, devido à crise e a situações de desemprego, vêem--se sem possibilidade de pagar a renda. Uma medida que, por exemplo, também foi implementada em Guimarães. Guilherme Pinto revelou que um estudo encomendado pela Câmara de Matosinhos identificou cerca de mil famílias nessa situação.

O autarca explicou que o estudo não foi feito agora, mas que a Câmara decidiu antecipar a medida de ajuda, para responder à situação de crise existente e que levou ao aumento substancial do desemprego no concelho (6864 pessoas em Novembro do ano passado; 7369 em Janeiro).

No rol das "medidas pró-activas contra a crise", prevê-se, também, a contracção de um empréstimo para garantir o encurtamento dos prazos de pagamento aos pequenos e médios fornecedores (1300 empresas). O objectivo é pagar logo as facturas, em vez de demorar os habituais 60 dias. O plano inclui, ainda, um fundo de 500 mil euros para ajudar empresas.

Para contrariar a crise, a Câmara pretende, também, dinamizar o investimento. Nesse sentido, serão antecipados alguns projectos municipais (será pedido um empréstimo de 25 milhões de euros com esse objectivo) e a concretização de empreitadas aprovadas pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN).

"Queremos dar um sinal de que Matosinhos é um município onde vale a pena investir e que também sabemos ser solidários com os mais desfavorecidos", sintetizou Guilherme Pinto.