20.2.09

Jovens entram aos 12 anos em bandos violentos

António Marujo, in Jornal Público

Muitos jovens que integram bandos violentos ou de assaltantes envolvem-se com esses grupos a partir de idades precoces - 12, 13 anos. Esta é uma das tendências verificadas num estudo que está a ser feito pelo Núcleo de Estudos para a Paz, do Centro de Estudos Sociais (NEP/CES) da Universidade de Coimbra. Ainda sem conclusões - estará pronto dentro de um ano, está precisamente a meio -, o estudo procura medir factores como a oferta e a procura de armas ligeiras, e os custos que lhes estão associados.

O Observatório sobre a Produção, Comércio e Proliferação das Armas Ligeiras da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), da Igreja Católica, promoveu ontem, em Lisboa, uma audição pública de balanço dos três anos de aplicação da Lei das Armas - que está em revisão no Parlamento.

José Manuel Pureza, do NEP/CES, afirmou que há um grande desconhecimento sobre as armas que existem em Portugal, o que "alimenta o alarmismo, o racismo e a xenofobia". Há um milhão e 400 mil armas ligeiras legais em Portugal, mas nada se sabe sobre as ilegais - podem ser 500 mil ou um milhão e meio ou mais.

Quer Pureza, quer o secretário de Estado da Administração Interna, Rui de Sá Gomes, insistiram na ideia de que os circuitos de armas ilegais se alimentam das armas legais. Sá Gomes referiu que há diariamente quatro armas furtadas ou extraviadas em Portugal.

José Pureza acrescentou que o acesso a tais armas é fácil, quer pelo custo (de 50 a 400 euros, consoante seja revólver ou caçadeira), quer pelos locais. O estudo que está a ser feito em Coimbra prevê ainda que sejam contabilizados os impactos das armas ligeiras em termos de custos nas vítimas indirectas, no sistema de saúde, no sistema produtivo e no que chamou os "custos do medo" (actividades que são desincentivadas).

Rosário Farmhouse, alta-comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, anunciou, entretanto, que o organismo que dirige lançará em Março uma campanha pela não-violência, nos distritos de Lisboa, Porto e Setúbal, com especial incidência nas escolas.