24.2.09

Valores do INE e dos centros de emprego

Por que se "degradou" o desemprego tão depressa?, in Jornal Público

É possível que a conjuntura se tenha degradado em tão pouco tempo? Na semana passada, o INE divulgou a taxa oficial de desemprego de 8 por cento no quarto trimestre de 2008, quando no terceiro trimestre ficara em 7,8 por cento. Uma evolução "animadora" que contrastou com uma subida de 70 mil desempregados só num mês.

Na verdade, a conjuntura já vinha a degradar-se em meados de 2008. Depois, a taxa de desemprego não é a única face do desemprego.

O seu valor foi influenciado por uma saída de activos do próprio mercado de trabalho (estudantes, reformados, desempregados que não procuraram emprego ou já nem estão disponíveis) e, por outro, as contratações pelo Estado atenuaram a descida do emprego. Retirando a variação do emprego "público" (administração pública, educação e saúde) deixava já visível a queda abrupta do emprego "não público" que se reflectiu em Janeiro nos centros de emprego.

Estas inscrições - por serem exaustivas da realidade do desemprego - constituem um indicador mais "sensível" do que o Inquérito ao Emprego do INE que é trimestral e se realiza por amostragem. Sendo as metodologias diferentes, a análise deve ser complementar. E, por isso, a leitura dos valores do INE obrigaria a alguma precaução.