28.4.09

Actuais dirigentes europeus são bastante fracos»

Lara Ferin, in Jornal de Notícias

União Europeia corre o risco de desagregação, alerta Mário Soares


«Desde o 25 de Abril que os responsáveis políticos, com maior ou menos prioridade, têm tentado combater a exclusão social», mas esta situação tem que ser resolvida «em conjunto», alertou Mário Soares, esta segunda-feira em Lisboa, durante a conferência europeia «Construir a Coesão Social».

O antigo Presidente da República explicou que agir em conjunto não é sinónimo de falta de autonomia, mas antes a consciência de que os Estados-membros «por si só não são nada, mas em conjunto são alguma coisa».

Neste contexto, Mário Soares considera que os «actuais dirigentes europeus são bastante fracos» e que a União Europeia não se vai desagregar, mas «corre um risco».

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As desigualdades sociais em Portugal couberam ainda na intervenção do antigo chefe de Estado, certo que temos «uma grande desigualdade social». «A diferença entre ricos e pobres é abissal e sinto isso como uma vergonha», admitiu Soares. A propósito, o responsável pela adesão de Portugal à antiga CEE frisou que «o país depende muito da União Europeia» e que, «se não tivéssemos aderido ao euro, estaríamos na total bancarrota».

Crise está para durar
Mário Soares acredita que a actual crise «é múltipla, está instalada e para durar» e diz que sair da crise «implica mais investimento, mais crescimento económico e mais protecção às empresas».

«Não estou preocupado com o futuro de Portugal a médio-prazo porque o nosso país sempre soube erguer-se em momentos de crise». «Vamos conseguir ultrapassar esta, não estou pessimista», concluiu, aproveitando ainda para alertar para o papel do Estado. «Em momentos de dificuldades toda a gente recorre ao Estado, inclusivamente os que têm grandes fortunas e estão em risco de perdê-las».